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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

É BONITO ISSO ?



Ler sobre é importante. Viver e ler sobre pode ser terrível. Foi o que aconteceu.

Hoje, dia 13 de dezembro, lamenta-se o ocorrido há exatamente 54 anos, no dia 13/12/1968.

Estudando no meu quartinho para o vestibular de engenharia (o vestibular aconteceria no início de janeiro/1969) e como sempre com o rádio portátil Mitsubishi ligado. 

Acrescente-se: radinho comprado pelo meu pai do Sr. Zé Correinha, que sempre aparecia com novidades na terrinha.

Às 20h30 daquele fatídico dia, Alberto Curi, locutor da Agência Nacional, leu em rede de rádio e TV o comunicado do governo anunciando o Ato Institucional nº 5.

Até então, não era possível chamar de ditadura o período de 1964-1968 (até o AI-5), com toda a movimentação político-cultural que havia no País. Com o famigerado AI-5, apagaram as luzes.

Praticamente, todos os direitos, de repente, foram suprimidos pelos militares no poder. O que era uma intervenção militar configurou-se numa ditadura.

Um homem só, o general, poderia intervir no Congresso, Assembleias, Câmaras de Vereadores, Poder Judiciário, Estados e municípios, suspender os direitos políticos de qualquer cidadão, cassar mandatos eletivos, decretar o confisco de bens e o estado de sítio. Instituiu censura e o fim do habeas corpus.

De imediato, Carlas Lacerda, JK, Sobral Pinto foram presos. Sessenta e seis professores, como Caio Prado, FHC, Florestan Fernandes, foram expulsos das universidades. Marília Pêra foi trancada num mictório de quartel. Caetano e Gil foram presos em São Paulo, tiveram suas cabeças raspadas e foram expulsos do País. Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Raul Seixas, Geraldo Vandré, os diretores de teatro Augusto Boal e Zé Celso se exilaram. O Congresso Nacional ficou fechado até 21 de outubro de 1969.

Contam velhos políticos que, à época da edição do AI-5, em 1968, o vice-presidente e jurista mineiro Pedro Aleixo não concordou inicialmente com o ato. Temia o que ele representaria.

- “O senhor está com medo de mim, dr. Pedro?”, teria perguntando o presidente, general Costa e Silva.

- “Do senhor, não. Tenho medo é do guarda da esquina”, respondeu Aleixo.

E de fato, a partir daquele dia, toda esquina, real ou imaginária, passaria a ter um guarda carrancudo a espreitar cada ato cidadão.

Viver é Perigoso

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