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sábado, 12 de maio de 2018

CANTINHO DA SALA

Cândido Portinari - 1941
Viver é Perigoso

OUTROS TEMPOS


Em pauta a publicação de documentos internos dos EUA sobre o período da intervenção militar no Brasil que culminou com um longo período de ditadura.
Grande chances de comentários equivocadas analisando os acontecimentos da época com os olhos de hoje.

Sem nenhuma intenção, como diziam na Boa Vista, é claro, de "cartear marra ", pela justificativa da própria idade, vivemos atentamente aqueles duros e, acreditem, bons anos. Muito desenvolvimento e criatividade cultural. Liberdade ? Muito relativa.

Em 1964 (16 anos de idade), estudante secundarista no Colégio Estadual (funcionava noturno no Grupo Velho), com a presença de muitos líderes ativistas. A moçada era muito mais ligada nos acontecimentos políticos.

Entre 1966/1967, soldado 257 do 4º Batalhão de  Engenharia e Combate. Um dos 40 membros do Pelotão "Tigres da Mantiqueira", treinado, armado e trabalhando nas ruas para observar e agir, se necessário, em eventuais movimentos subversivos na cidade e região. 

De 1969 (21 anos), com 30 dias da publicação do famigerado AI-5 e até dezembro de 1973, frequentando os bancos da nossa Escola de Engenharia no centro da cidade e convivendo com uns 400 colegas nos bancos da Praça, assistindo filmes políticos franceses no Cine Presidente, lendo livros, jornais e ouvindo músicas censuradas.

Fortíssima e escancarada tentativa da União Soviética, China e seus países satélites para expansão do regime comunista na América Latina. Presença ostensiva de Cuba. Choque direto com os interesses americanos na região.

Propaganda americana, considerada de direita e conservadora. Propaganda comunista pregando um Estado revolucionário. Governo João Goulart, com tendências esquerdistas, fora de controle. Participação de políticos, comunidades de base das igrejas, da engajada UNE.

A maioria absoluta dos brasileiros ficou feliz com a intervenção militar.

Os militares adoraram o poder. O que era para ser um intervenção, arrumação da casa e convocação de eleições gerais, virou uma forma de governo.

Protestos, movimentos de rua e repressão. Perseguições, fuga para o exterior (Chile e Cuba), doutrinamentos, treinamentos, recursos financeiros e movimento armado. Linha chinesa optando pela atuação rural e a Cubana pelo ativismo urbano. Formação de grupos organizados e armados.

Atuação firme das forças armadas  com grupos de inteligência, entendendo-se prisões, torturas e perseguições.

Jornais, revistas, rádios e tv´s sob censura. Noticiário dirigido. Economia seguindo relativamente bem, com geração de empregos e oportunidades. Atenções e patriotismo, limitadas aos estádios de futebol.

Ataques a bancos, sequestros e bombas. Revides proporcionais e desproporcionais. Governo razoável do Castelo Branco, titubeante do Costa e Silva, repressivo do General Medice, Severo ao extremo com Ernesto Geisel e principio de distensão com Figueiredo.

A anistia celebrada foi ampla e irrestrita. Os acontecimentos passaram a ser contados pelos historiadores.

Ressumo: Fui favorável a intervenção. Contava com o breve retorno da democracia. Passamos a reivindicar a volta dos civis, excluindo dos pensamentos, qualquer possibilidade de luta armada.

A alternativa de luta armada se confirmou ser uma burrice. Alguns políticos, ainda hoje em ação, tentam aproveitar o atual momento para reviver os acontecimentos. Outra burrice com evidentes sinais de oportunismo.

Por exemplo, o condenado Luiz Inácio Lula, nunca participou e nem deve saber o que aconteceu na luta armada. Entrou "no mercado" em 74 com os movimentos sindicais visando melhorias salariais no ABC. Destacando-se, foi cercado pelos velhos comunistas, caronistas do movimento sindical.

Melhor virar essa página. Não temos mais espaço para radicalismo de direita ou esquerda.

A democracia continua sendo a mais tolerável forma de governo.

Opinião, simplificada, pessoal.

Viver é Perigoso