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segunda-feira, 20 de março de 2023

JUDICIALIZAÇÃO NA MEDICINA



A judicialização na medicina tem se tornado cada vez mais frequente. 

Para promover o debate sobre o assunto, o Hospital SOS Cárdio promoveu o primeiro simpósio “O Direito e a Saúde: repensando a judicialização”, destinado a médicos, desembargadores, juízes, gestores de fontes pagadoras e de hospitais.

Aceitei o desafio de falar sobre a a importância de identificarmos a boa ciência para que ela seja uma ferramenta sólida no processo de tomada de decisão. 

Que alegria estar com pessoas preocupadas, acima de tudo, em cuidar da saúde das outras pessoas - seja atuando diretamente na área da Saúde, seja no Direito ou na Gestão.

Dra. Rachel Riera

 Viver é Perigoso

CANTINHO DA SALA

Manabu Mabe - Vento de Norte - 1966
 

Viver é Perigoso

HAPPY BIRTHDAY


Comentário ouvido hoje do cidadão Zé Ferino, na Boa Vista, é claro:

- Camarada, semana inteira vendo da net, a dupla rindo à bandeiras despregadas, com bolos e cantorias, só queria saber os dois fizeram aniverário na semana que passou ? 

- Felizes parecem estar sempre, mas pelo jeito comemoraram seus aniversários.

- Juntos ? então, parabéns duplo !

Viver é Perigoso

NUNCA AOS DOMINGOS



O ódio às segundas-feiras está mais do que estabelecido na cultura ocidental. 

Nos últimos anos, o alvo do ódio (pelo menos para aquela suposta elite de quem tem um emprego estável e pode se dar ao luxo de interrompê-lo no fim de semana) continuou se deslocando para o domingo.

Que melhor definição dessa síndrome dominical, dessa janela aberta para a melancolia. Um dia em que o ócio degenera em tédio e dá lugar a reflexões niilistas, em que aparentemente não há o que fazer, mas o que realmente acontece é que o ânimo e a vontade de fazer qualquer coisa vacilam. 

Talvez, a depressão dominical, fizesse todo o sentido nos antigamentes, quando os domingos implicavam “fechados”. butecos e lojas, igrejas abertas e ruas vazias”, gerando uma atmosfera pré-mortuária que convidava à “angústia pela irresistível futilidade da vida”. Mas no mundo de hoje, os domingos não são mais uma ruptura radical com o resto da semana. 

Estatísticas tão avassaladoras como a de que 76% dos americanos e canadenses sofrem aquelas inexplicáveis ​​crises de tristeza que conhecemos com alguma frequência. Como a Síndrome do Domingo. 

Além do mais, cientistas alemães e suecos sugerem que o domingo, e não a segunda-feira ultrajada, é o dia mais triste da semana e a sexta-feira, e não o supervalorizado sábado, é o mais feliz. I

Explicação: Na opinião da psicóloga australiana Marny Lishman,  "vivemos menos no presente do que projetamos no futuro imediato".

Sexta-feira, embora seja um dia de trabalho para a maioria dos trabalhadores assalariados, desfrutamos especialmente "da iminência da liberdade" e do lazer. Uma expectativa. 

No domingo mortificamo-nos “a proximidade da segunda-feira, o regresso à rotina e às obrigações desagradáveis”

Felizmente, especialistas em saúde e bem-estar psicológico, propõem possíveis antídotos para combater a tristeza dominical.

Algumas das obrigações pesadas devem ser reservadas para o sábado, para que não associemos o domingo apenas a tarefas chatas, como ligar para aquele parente distante a quem realmente não temos nada a dizer. 

E sim, relaxe, durma bem, leia um livro, assista a um bom filme, antecipe os acontecimentos positivos que vão acontecer durante a semana de trabalho. 

Assim poderemos, talvez, restabelecer o equilíbrio da Força e reorientar o nosso ódio para o dia que mais tem feito esforços históricos para o merecer: segunda-feira.

El País

Viver é Perigoso

FRITZ, KOMM HER !



Escrito por Marcos Rozen

Dica: Anselmo

A história da indústria automobilística brasileira tem poucos nomes conhecidos — como Comandante Lúcio Meira, Wolfgang Sauer e André Beer — e outras centenas, até milhares, de anônimos. Personagens que foram importantes, cada um a seu tempo, em suas passagens por várias empresas e fábricas, mas que acabaram caindo no ocaso por um sem número de razões.

Um representante especial desse enorme segundo grupo é um personagem não exatamente anônimo: seu nome era Marcílio da Cruz Lopes, mas todos o conheciam pelo apelido de Fritz.

Era uma alcunha irônica, já que se tratava de um homem negro de pele bem escura — e Fritz é um nome comum para homens alemães, geralmente de pele muito clara.

Mas a razão para o apelido não era apenas essa. Quando era pequeno, Fritz foi adotado pelo casal Noack, imigrantes alemães de Joinville, Santa Catarina, que lhe ensinaram seu idioma natal. Ou seja: Fritz era um brasileiro negro que falava alemão tão bem quanto o português.

No início dos anos 1950, Fritz veio para São Paulo sem um tostão no bolso e arrumou um servicinho como lavador de carros em uma nova empresa que havia se instalado em um galpão alugado na Rua do Manifesto, no bairro do Ipiranga: Volkswagen do Brasil.

Um belo dia, o então presidente da empresa, o alemão Friedrich Wilhelm Schultz-Wenk, foi pegar seu Fusca recém-lavado. Fritz não perdeu a oportunidade e lhe perguntou em bom alemão se o serviço estava bem-feito. Schultz-Wenk, é claro, a princípio não acreditou, mas logo percebeu que ali, bem à sua frente, estava um humilde trabalhador brasileiro que falava sua língua — algo raríssimo até hoje.

Fritz então passou a ajudar na montagem dos Fuscas (que vinham desmontados, em um processo chamado CKD, da Alemanha) e não raro atuava como uma espécie de ponte entre a diretoria e, digamos, o chão de fábrica — ainda que ali houvesse, à época, apenas poucos funcionários.

Tornou-se notável a expressão “Fritz, komm her!” (“Fritz, venha cá!”), que Schultz-Wenk sempre bradava quando algo era necessário. Um dos casos mais notórios foi quando chegou a primeira Kombi em CKD, cujas instruções de montagem estavam, naturalmente, em alemão.

E foi assim que Fritz, ou Marcílio, se tornou o primeiro brasileiro a fazer parte do livro-registro de funcionários da Volkswagen do Brasil.

Com o tempo Fritz e Schultz–Wenk cultivaram uma relação de confiança e até amizade: Fritz passou a chamar o presidente da empresa, carinhosamente, de Frederico. O ápice foi quando o presidente mundial da Volkswagen, Heinrich Nordhoff, veio ao Brasil para inaugurar a fábrica da Anchieta, em 1959, e Fritz foi destacado por Schultz-Wenk para atuar como uma espécie de babá dos familiares do executivo que o acompanharam na viagem.

E Fritz, do alto de sua simplicidade, ainda conseguiu marcar presença na histórica fotografia em que estão os dois executivos acompanhados do presidente Juscelino Kubitschek desfilando em um Fusca conversível dentro da fábrica — imagem simbólica do começo da indústria nacional de carros.

Na Anchieta Fritz tinha acesso livre à presidência, o que começou a incomodar muita gente. Ainda mais quando ele denunciou um caso de roubo de peças, que saíam escondidas em Fuscas enviados às concessionárias. A lista de inimigos de Fritz começou a crescer em vários níveis hierárquicos e, com a morte precoce de Schultz-Wenk, em 1969, logo uma desculpa qualquer foi utilizada para demiti-lo.

Dali para a frente, a vida de Fritz despinguelou ladeira abaixo. Na pior fase, ele chegou ao ponto de se ver obrigado a morar na rua, na periferia de São Paulo. Fritz morreu há cerca de uma década, triste pelo abandono e por jamais ter recebido nenhum reconhecimento ou apoio por parte da VW em seus momentos mais difíceis. Quase por um acaso, um conhecido em comum permitiu que eu encontrasse Marcílio e conhecesse sua história.

Hoje, Schultz-Wenk é nome de rua em São Bernardo do Campo. Fritz, ou Marcílio da Cruz Lopes, não. Ele bem que merecia batizar, ao menos, uma grande avenida — que então representaria uma grande homenagem a todos os heróis anônimos da nossa indústria.

Viver é Perigoso

UMA SOCIEDADE DE IMBECIS



Leia. Vai ser bom.

Renato de Faria, escreveu no Estado de Minas 

A dica foi do Perlustrador da Mantiqueira

Certa vez, Umberto Eco escreveu que as redes sociais tinham um poder imenso de dar voz aos imbecis. Concordo com ele, mas dou um passo a mais, com todo respeito que um mestre do pensamento merece. A sociedade tecnológica, com o advento da comunicação em rede, não apenas deu voz, mas se esforçou em aumentar a quantidade de idiotas.

Nesse quesito, temos que concordar com o avanço, qualitativo e quantitativo, dessa espécie social. Das universitárias de Bauru aos machos inseguros (seria redundância?) do Red Pill, percebemos empiricamente o aumento de idiotas no mundo. Talvez o grande ganho seja a velocidade em que isso aconteceu, um progresso em essência! O avanço tecnológico foi capaz de aumentar o volume de imbecis com uma velocidade surpreendente.

A essência desse avanço social se deve ao fato da possibilidade, cada vez mais implacável, de aglutinar, em um mesmo local, gente que fala besteira e pensa com a profundidade de um pires, anulando as barreiras físicas e geográficas que separavam os descerebrados. A sabedoria popular nos diz que “um gambá cheira o outro”. Nesse caso, um idiota identifica seu grupo a milhas de distância e, agora, sem sair de casa!

No entanto, como a realidade é sempre dialética (não entendeu o termo? Fique tranquilo, o ChatGpt pode fazer um texto sobre ele para você compreender), é totalmente possível viver em uma sociedade de idiotas e não se tornar um deles. Aproveitando esse momento, assumindo meu papel de coaching do ócio, com curso certificado pela Faculdade Universal de Ciências Ocultas e Letras Apagadas de São Tomé, titulado com o diploma de Influenciador Analógico, deixo 05 pílulas de sabedoria filosófica para que você não se torne um imbecil conectado a outros da mesma espécie:

1. Construa uma canoa. 

Lógico que falo em sentido metafórico, mas se quiser levar para a realidade está ótimo também. Ao menos você vai aprender uma prática ancestral e poderá até pescar um pouco. No entanto, a ideia aqui é se preocupar com a salvação da subjetividade, igual ao personagem da Terceira Margem do Rio, conto de Guimarães Rosa. A Arca de Noé, elemento simbólico para salvar todo mundo, é coisa de um passado onde as grandes narrativas funcionavam. Não existirá um “dilúvio” que mudará o “sistema”. A grande massa não será educada e cada um está preocupado, apenas, em se salvar nesse mundo-cão. Foi Platão quem disse: tente mover o mundo, o primeiro passo será mover a si mesmo. Além do mais, ninguém te elegeu salvador de nada. Deixe de ser arrogante.

2. Priorize as experiências.

Na sociedade da informação, somos impedidos de experimentar as coisas. Em fração de segundos, alguém posta alguma coisa e já surgem centenas de podcasts, entrevistas no Youtube, curtidas e reportagens com especialistas. Seguindo essa parafernália toda você não passará de um jacu perdido de galho em galho, sem opinião própria, sem exercício de pensamento. Quanto mais informação, menor a experiência. Você não precisa estar atualizado sobre tudo o tempo todo. De nada adianta saber que o mundo será governado por robôs pilotando drone se você não consegue perceber que o vento frio está indicando a chegada do outono. Gente com experiência vive uma existência interessante. Só o interesse pela vida é capaz de te livrar da depressão, o mal do século.

3. Leia livros de papel. 

A facilidade de acesso à leitura digital não quer dizer mais conhecimento disponível na prateleira. Além disso, é um exercício budista transitar, humildemente, entre as fileiras de um sebo. E isso não se deve à suposta simplicidade do local, pois existem várias lojas que são pura elegância, mas porque você verá uma pequena parte do conhecimento acumulado ao longo dos anos. Essa experiência pode te colocar em um lugar de fecunda ignorância. Ofereça livros de presente, gesto que não se esgota no ato, mas acompanha o presenteado por um bom tempo. Por mais que os cavaleiros do apocalipse queiram dizer que leitura é coisa do passado, essa é maior tecnologia já criada pelo ser humano, a única capaz de alargar sua alma. A liberdade de um homem se mede pela quantidade de livros que ele foi capaz de ler.

4. Não saia de sua zona de conforto. 

Quem precisa se atualizar é aplicativo. Nem deixe ninguém falar com você sobre a necessidade de reciclagem, pois você não é lixo. Quem disse que conforto é coisa a ser evitada? Vai acreditar em gente assim? Eles falam isso porque gente satisfeita não precisa sair por aí comprando coisas para suprir seus vazios existenciais, por isso a necessidade de criar, em você, um estado de constante insatisfação. Lembre-se: pessoas sossegadas, geralmente, são mais felizes. Não seja um frango da Sadia, saltitando na propaganda de Natal, na ignorância de um colonizado que festeja sua própria morte.

5. Após os 60, decida viver em um sítio.

Geralmente, as pessoas mais interessantes que eu conheço decidiram, em algum momento da vida, abandonar o corre-corre urbano. Rita Lee, Pepe Mujica, Epicuro, Zé Geraldo e Sô Chico são apenas alguns exemplos. Se as suas condições materiais permitirem isso, não deixe de respirar a beleza dessa carta de alforria. É hora de dar uma banana para as convenções sociais. Se permita esquecer a forma correta de dar o nó na gravata, ir de chinelo aos eventos da família, falar apenas o que você realmente pensa e deixar a cidade para que ela cumpra sua função: propiciar as condições necessárias para criação de mais idiotas desejantes em ostentar, real e virtualmente, uma vida mesquinha. Este é um presente que a sua história pode lhe dar, não desperdice.

Viver é Perigoso

AMIGOS

 


Viver é Perigoso

DIA DO BLOGUEIRO

 


20 de Março - Dia do Blogueiro - Viver é Perigoso, seguindo para os seus 14 anos de idade. Quase certo: o blog mais antigo de Itajubá. Quase de Minas. Um dos sobreviventes no Brasil. Nasceu em Niteroi no dia 6 de outubro de 2009. No dia seguinte já estava na Boa Vista, é claro.

Viver é Perigoso