Tenho guardado os meus boletins escolares. Nada para se orgulhar. Pelas anotações em vermelho poderia facilmente ser classificado, de forma otimista, como aluno sofrível e de forma realista como péssimo.
Como em tudo existem a exceções, raramente as notas em História do Brasil e Geral, são diferentes de 10. Tinha a felicidade e honra de ter o Professor Júlio dos Santos como professor. Lia sobre tudo e aprofundava nos estudos, inclusive, como norma, buscava saber versões diferentes do constante dos livros oficiais.
O Professor Júlio era especialista em qualificar as personalidades históricas. Os alunos nunca esqueciam.
Dona Maria I, de Portugal, era tratada no Brasil como Maria " A louca". No seu país era Maria "A louca". O espanhol Alfonso X de Castela era Alfonso "O sábio". Ricardo I da Inglaterra, todos ainda se lembram, era Ricardo "Coração de Leão". Já Ivan IV da Russia, era Ivan "O terrível". Átila, o rei dos Hunos era Atila "O fragelo de Deus". Luís XIV da França era "O rei sol". Guilherme I da Inglaterra, era Guilherme "O conquistador", Pedro I da Rússia, era Pedro (O grande).
Tudo isso é para se imaginar como, num futuro distante, serão conhecidos o Zé Sarney, Fernando Collor, Lula da Silva, Gilmar Mendes e Bolsonaro.
Dificilmente teremos Fulano (O correto), Sicrano (O justo), Beltrano (O admirado). Grandes possibilidades de termos "O enrolado", "O cara de pau", "O mão leve", "O comprometido", "O destemperado".
Imaginem.
Viver é Perigoso