Translate

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

CENTENÁRIO - ERA DO RÁDIO



A primeira transmissão de rádio realizada no Brasil ocorreu no dia 7 de setembro de 1922, durante a inauguração da Exposição do Centenário da Independência na Esplanada do Castelo. O público ouviu o pronunciamento do Presidente da República, Epitácio Pessoa, a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, transmitida diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Apareceu por Itajubá, certa ocasião, um senhor que entrou na mídia (naquela época não existia esta palavra) com o nome de Duarte Pimenta, se não me engano.

Cara de meia idade, boa aparência, vindo de São Paulo.

Era radialista, dizia ter sido locutor das Rádios Tupi e Gazeta, ambas da capital paulista.

Com pouco tempo de Itajubá, conseguiu um horário para apresentar o seu programa de 1 hora de duração, de segunda a sexta. Horário mais do que nobre, ou seja, de doze a treze horas.

Seu slogan era: Almoce com Pimenta. E Itajubá almoçava.

Na cidade só existia a Rádio Itajubá AM - ZY - I5.

O " espinhos do amor" em pouco tempo virou absoluto em audiência, com a voz melosa do Duarte Pimenta. Meus Deus ! Que bom gosto musical, que sabedoria no atendimento as cartas dos ouvintes.

Ele colocava um fundo musical com o violão do Dilermando Reis (normalmente "abismo de rosas" ou "som de carrilhões"), lia as cartas dos ( a maioria) ouvintes e despejava as suas orientações. Todo mundo com problemas amorosos. Amores não correspondidos batia o recorde de cartas.

O cara era bom... Tinha saída para tudo, e foi pegando fama.

Um dia, já de saco cheio com o Pimenta, escrevi-lhe uma carta com nome fictício de Cornélio Carvalho.

Disse-lhe que tinha 50 anos, trabalhava como servente de pedreiro, era casado e tinha 11 filhos, estando a mais velha com 15 anos; minha mulher estava muito enferma e praticamente desenganada pelo médico. Disse também que morava num bairro distante em casa de um só cômodo.

Pintei este terrível quadro em carta, que ele leu, no ar, sem citar o nome do remetente.

Confessei, na mesma carta ,que tinha me apaixonado por uma sobrinha de 17 anos, muito bonita e que eu estava disposto a fugir com ela. 

Humildemente, pedi a sua orientação.

Pensei comigo, ouvindo o programa: Agora peguei o desgraçado !

O cara deu um suspiro no ar, diminuiu um pouco o som de "abismo de rosas" e fulminou:

Meu caro Cornélio, siga os ditames do seu coração. E aumentou o som da música.

Desliguei o rádio. Desisti.

Viver é Perigoso

Nenhum comentário: