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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

É DISCO QUE EU GOSTO

ERA UMA VEZ...


Era uma vez...num país muito distante morava um antigo rei. Ele tinha se aposentado e repassado a administração para a princesa. Ele vivia cercado pela rainha e seus filhos numa aprazível localidade no interior.
Mas não vivia momentos felizes. A princesa herdeira, muito despreparada, promovia confusões e mais confusões na administração do país.
O velho monarca se desdobrava para mantê-la no poder. Apresentava sugestões e conselhos. Debalde. 
O velho rei foi levado a programar a sua volta ao poder, o que seria relativamente fácil, considerando a fraqueza dos seus poucos adversários.
Tudo seguia como planejado até o surgimento de jovem mago ilustrado e profundo conhecedor das leis do país, além do que, dotado de grande coragem.
Este seguido pelos seus, também, jovens discípulos e cercado por uma pequena guarda pretoriana (comandada por um oriental), pôs-se na luta para tentar conter o sangramento de recursos do pais, provocado por asseclas do velho rei.
Dentro da legalidade, decretou a prisão de pequenos intermediários meliantes. Não chamava a atenção de ninguém, exceto a de uma parte da imprensa que buscava por novidades.
De imediato, despreparados advogados entraram em ação para libertar os pequenos réus. Coisa normal e corriqueira naquele país. Não conseguiram sucesso, assustando os chefes dos grandes bandos.
Sabiamente, utilizando de um instrumento legal, chamado de delação premiada, a equipe do jovem mago instigou três dos presos a esclarecerem os meandros do crime em troca da redução de suas penas.
Surpreendentemente, os três vivaldinos resolveram abrir o bico. Foi uma avalanche. Prisões em sequência atingindo figurões do reino. Os maiores e mais caros advogados foram contratados a peso de ouro. Afinal, ouro não faltava nos abarrotados cofres dos empresários, políticos e autoridades. Todos foram recolhidos numa prisão localizada distante da capital do reino.
Um deslize administrativo colocou a princesa sob as barras da lei. O reino balançou mas sobreviveu, uma vez que os encarregados de julgar os erros da princesa, também estavam em situação pior do que a dela. Homens useiros e vezeiros em utilizar de recursos de terceiros em benefício próprio.
A debacle foi total e respingos começaram a se aproximar do antigo monarca.
O velho rei era reconhecidamente um homem bom. Prova disso foi que aproveitando anos de vacas gordas advindos da exportação de matéria prima e do alto preço pago pelo mercado, ele autorizou a distribuição de ínfimas parcelas mensais para os seus súditos mais necessitados, granjeando a admiração geral. Era bom também com os nobres e ricaços da corte. Arrumava-lhes serviços pagando-os regiamente, o que permitia manter a corte satisfeita e feliz.
Nada mais justo que, quando do afastamento do rei, os seus bem abastecidos amigos o presenteassem e também sua família com belos castelos. Um na sua vila, outro a beira mar e outro nas montanhas. 
Aos filhos foram concedidos contratos volumosos de uma via só. O dinheiro entrava e o trabalho não saía.
O mago juiz concluiu, de posse de vasta documentação, que bilhões e bilhões naquele fatídico período foram desviados dos cofres públicos. Dinheiro da merenda, dos remédios, das estradas,da educaçâo e da segurança foram utilizados para patrocinar a grande festa.
O cerco foi se apertando e as mentiras sendo usadas. Cada vez se exigia uma mentira maior para encobrir outra menor. E a confusão levava o reino ao naufrágio.
Pensava o mago descobridor de toda a falcatrua: como colocar toda essa gente nas masmorras ? Onde caberiam tantos ?
Um auxiliar, pedindo licença, sugeriu: basta julgá-los, condená-los, tornar público todo o julgamento e soltá-los pelas ruas:caminharão como zumbis, não perderão seus roupões com brocados de ouro e nem a empáfia. Perderão apenas o respeito dos cidadãos. Dificilmente caminharão livres pelas ruas sem receber achaques. Seus filhos e demais descendentes serão apontados.
Sim, disse o mago, mas tudo isso já acontece...então ?

Viver é Perigoso

O BARCO