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terça-feira, 4 de outubro de 2016

A VIDA CONTINUA


Como diziam antigamente na Boa Vista, é claro : Durante um ataque de índios finja-se de morto. Passado o perigo, levante, sacuda a poeira e volte para o seu posto.
Voltamos ao assunto daquela que ainda ficará famosa: Operação Soledade da Polícia Civil de Minas Gerais.
Tomamos conhecimento da Nota Oficial da Prefeitura Municipal de Itajubá publicada do jornal Itajubá Notícias.
A citada nota aborda dois importantes pontos, além dos demais já conhecidos.

1 - "...teria dito o Delegado da Polícia Civil, em entrevista coletiva, que o processo é longo e vai demorar pelo menos dois anos até se chegar as primeiras conclusões" 

Blog: Parece bom por significar um alívio, mas é ruim. Se vai demorar tanto para tirar conclusões é porque o assunto é complicado. Caso fosse simples, seria analisado e arquivado em pouco tempo. E tem mais: Contando dois anos chegaremos às vésperas das próximas eleições, quando o Prefeito sairia candidato. 

2 - A Nota Oficial termina dizendo : "...A PMI continua aberta a prestar qualquer esclarecimento sobre as contas do município aos órgãos competentes e a todo cidadão.

Blog: Não se trata de nenhuma bondade ou delicada concessão. Trata-se de obrigação. Perguntamos se no caso "sobre as contas", inclui também informações sobre outros acontecimentos acontecidos fora das contas. O blog não se enquadra na categoria de "órgão competente", mas com certeza na categoria "todo cidadão". Como agir para ter acesso, verificação e posterior publicação dos pontos levantados ?

Prezados Peter e Solano, gentileza informar. Grato.

Viver é Perigoso

 

COPIEM A AULA MOÇADA !


Num país que enfrenta a escassez de novas lideranças políticas e de ideias, João Doria, o prefeito eleito de São Paulo, foi uma rara exceção na safra eleitoral de 2016, talvez a única grande novidade que saiu das urnas até onde a vista alcança.

Não só por ter vencido as eleições em São Paulo, já no primeiro turno, um feito inesperado e inédito, mas por ter reafirmado, em suas primeiras declarações após o anúncio do resultado, tudo o que disse durante a campanha.

Com o mantra "não sou político, sou gestor", repetido à exaustão, Doria fez a análise correta do que aconteceu: "O recado das urnas, especialmente em São Paulo, é o recado anti-PT. 
Outro recado é a rejeição à velha política. O número de abstenções e votos nulos também reflete esse sentimento de repulsa à má política".

Por ter encarnado este papel de "não político", ele que nunca havia disputado uma eleição na vida, começou a subir nas pesquisas desde o início da campanha na televisão e disparou na reta final, enquanto seus principais adversários caiam, atraindo o voto útil anti-petista, que é majoritário e crescente na capital paulista.

Desencantada com a guerra política, vendo a crise econômica se agravar, acossada pelo desemprego, a maioria deste eleitorado, que se espalha por todas as regiões da cidade, não está nem aí para a eterna discussão de projetos entre esquerda e direita, azuis e vermelhos, nós e eles. Quer soluções, alguém que ponha a mão na massa.

"Eu não sou o candidato dos ricos. Sou rico, mas vou governar para resolver os problemas dos que mais precisam".

"Fizemos compromissos. Não posso me dar o direito de descumpri-los. Vou atender prioritariamente as pessoas que vivem neste cinturão mais pobre".

"Vou ficar os quatro anos. Vou prefeitar. E não vou disputar a reeleição".

Na hora de falar de prioridades, o prefeito eleito foi direto ao ponto: "Será saúde, saúde e saúde. Especialmente na área periférica da cidade, onde há sofrimento. Na sequência, educação. Vamos incentivar o empreendedorismo. Ativá-lo como nunca. É o meu mundo".

Era tudo o que os eleitores deste convulsionado ano de 2016, da recessão que produziu 12 milhões de desempregados, estavam esperando ouvir dos candidatos: alguém preocupado em gerar trabalho, emprego e renda. Se vai conseguir, é outra história.

E vamos que vamos.

Ricardo Kotscho (trecho)

Viver é Perigoso

GUERNICA


Seria possível uma obra ser terrível e maravilhosa ? Sim, creio eu. 
O mural "Guernica" do espanhol Pablo Picasso. Sempre estou apreciando a obra. Encanta e proporciona temor. 
Mostra a visão do artista sobre a tragédia que representou o covarde bombardeio à cidade basca de Guernica. 
O mural completará em 2017, oitenta anos. Foi exposto pela primeira vez, em 1937, no Pavilhão da Espanha, quando da Exposição Internacional de Paris, onde foi produzido. Rodou o mundo, voltando, com o fim da ditadura franquista, para a Espanha em 24 de outubro de 1981, para o Museu do Prado. Visitou 11 países e participou de 40 Exposições.
Em 1992 foi,definitivamente, para o Museu Nacional Rainha Sofia, na mesma Madrid.
Lá pelos anos 2000, tive o privilégio de conhecer pessoalmente o mural. Fiquei algumas horas, impressionado, no Rainha Sofia.
Não satisfeito, fui até Bilbao e de lá até a cidade de Guernica. A cidade parece parada no tempo, aguardando novamente o trágico bombardeio aéreo feito pela Legião Condor, de Adolf Hitler, no dia 26 de abril de 1937.
Há alguns anos, através de um livro do itajubense Nini Dastre, soube que o Guernica esteve no Brasil em 1953. Único país que visitou, fora dos EUA e Europa.
Esteve exposto na II Bienal de São Paulo, no Ibirapuera.
Sua vinda ao Brasil teve a influência direta do pintor brasileiro Cicero Dias, que morava em Paris e era amigo de Picasso e dele obteve, não sem muita relutância, a autorização para trazê-lo ao Brasil.
Guernica foi exposto no Ibirapuera junto com obras de grandes pintores, como Duchamp, Braque, Paul Klee, Kandinski, Mondrian e Alexander Calder.
Não deu para ir na ocasião. Primeiro, eu não sabia e segundo, só tinha 6 anos.

Viver é Perigoso

MOMENTOS MÁGICOS



Viver é Perigoso

CAPITAL DO NÃO VOTO


O sapateiro carioca José Luiz Rodrigues, de 53 anos, fez questão, pela primeira vez, de apertar o “branco” quando foi votar no domingo. “Não confio em ninguém. O político só saber roubar e aumentar impostos. Minha vida, no final de contas, ninguém muda, quem muda é Deus. Eu continuo aqui de 8h às 18h, com trombose na perna e ainda tendo que pagar um plano de saúde”, reclama. Não houve programa eleitoral, candidato nem bispo, que o convencesse do contrário. “Já me arrependi de votar em Lula, em Dilma e em todos”, encerra. 
Rio de Janeiro, a capital do não voto nessas eleições. A soma dos votos brancos e nulos e a abstenção, que foi de 24,28%, superou os votos conquistados pelos vencedores do primeiro turno Crivella e Freixo, juntos.
Em São Paulo, João Dória teve uma vitória avassaladora, uma conquista sem precedentes com mais de três milhões de votos. Mas também, os que não votaram em nenhum dos candidatos superaram os eleitores do empresário. 
Os dados chamaram a atenção até do presidente Michel Temer, que viu no resultado do pleito um recado. “É um sentimento de decepção com toda a classe política”.
Jairo Nicolau, cientista político e especialista em sistemas eleitorais, acredita que o alto número de abstenções confirma, na verdade, que o voto obrigatório não tem mais o peso que tinha sobre as pessoas e que as punições não são suficientes para levar o eleitor às urnas. “Mas não necessariamente trata-se de desinteresse ou um voto de protesto. Há idosos e analfabetos que têm o voto facultativo, há pessoas sem dinheiro para pegar um ônibus e ir a votar, registros eleitorais desatualizados que ainda contemplam falecidos”, diz ele. Para ele, os votos brancos e nulos são sim um sinal de descontentamento. “É um sentimento que começamos a ver em 2013, veio mais forte em 2015 e 2016 com as denúncias de corrupção e a crise do PT, que era uma espécie de reserva moral desse sistema político, e refletiu-se nessa eleição. É claro que aumentou o pessimismo das pessoas. Mas o que mais me assustou nessa eleição não foi uma pesquisa, senão a conversa com pessoas mais pobres que transformaram a insatisfação no não voto. É uma surpresa” , afirma Nicolau.
O elevado número de votos brancos e nulos e as abstenções viu-se em outras grandes capitais. Além de no Rio e em São Paulo, em Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Aracaju (SE) os votos brancos e nulos somados às abstenções venceram o primeiro turno nestas eleições. 

Maria Martin - El País

Viver é Perigoso