Um dia ele criou coragem e se declarou através de uma longa, pensada, reescrita e desenhada cartinha.
Disfarçadamente, se é que fosse possível, passou pelo Correio na Rua Nova, deu uma molhada lambida dos dois selinhos e a depositou no cata-carta.
Subiu em direção a praça principal, na certa esperando cruzar com a donzela, como sempre, nas proximidades da "A Liberty".
Realmente aconteceu. Melhor não tivesse acontecido.
Não presenciaria a tragédia de vê-la de mãos dadas com aquele bexiguento com a fedida blusa da engenharia nas costas.
A carta ! Meu Deus, a carta !
Voltou correndo e solicitou a sua devolução, negada de imediato pela sisuda senhora.
Drama.
Foi informado que o malote tinha acabado de seguir por trem para Pouso Alegre.
Só podia ser engano, a moça é daqui mesmo. Mora ali na Miguel Braga, na Boa Vista.
Burocracia e burrice. A distribuição é regional. Precisa ir até Pouso Alegre e voltar para ser distribuída. No ir e vir podem ser contabilizados cinco dias úteis.
PQP ! e agora ?
Continua no próximo capítulo.
Viver é Perigoso