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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

SOB A LUZ DE VELAS


Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.


Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)

DURA CONSTATAÇÃO

Roberto Barbosa (Tribuna da Imprensa)


Cargo de primeiro escalão nos Ministérios já foi tarefa para estadista. Por lá passaram figuras como Ruy Barbosa, Oswaldo Aranha, Gustavo Capanema, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Roberto Campos, Delfim Neto, Mário Henrique Simonsen, Tancredo Neves, José Maria Alkmin e tantos outros que poderia aqui enumerar.
Nos últimos tempos, principalmente na era petista, este ofício se transformou em caso de polícia. A banalização levou ao desprestígio, de forma que hoje é impossível encontrar um único membro de primeiro escalão que detenha o perfil, a experiência e capacidade de muitos antecessores que passaram por Brasília.
O mérito determinava a escolha dos colaboradores dos presidentes. Estofo moral e intelectual pesavam na escolha. Hoje isso se tornou bobagem, porque no Brasil sarjeta chegou ao poder. Só no governo Dilma, seis ministros deixaram o cargo depois que a imprensa denunciou envolvimento direto desses colaboradores da presidente em casos de corrupção.
É desalentador. Os ministérios se tornaram abrigos de organizações criminosas, especializadas em malversação do dinheiro público. O processo de escolha desses colaboradores é o passaporte para entrada dos criminosos na vida pública. Qualquer um pode ser ministro, basta que tenha um partido com bancada razoável para cobrar a parte que lhe cabe nas negociatas de cargos em troca de apoio político no Congresso.

Roberto Barbosa

SÓ BLUES


O guitarrista Buddy Guy, uma das lendas do blues norte-americano, fará dois shows nos Brasil em maio. Além do show já confirmado no Rio de Janeiro, no dia 11, no Vivo Rio, o músico toca em São Paulo no dia 12, no Via Funchal. Os ingressos já estão à venda nos sites das casas de show, com valores de R$ 130 a R$ 320. 
O lendário guitarrista de 76 anos e 50 de carreira tem seu trabalho registrado em mais de 60 discos, tendo tocado com artistas como Muddy Water, Howlin’ Wolf, Sonny Boy Williamson e Little Walter.

Vamos ?

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FRASE ABOBRINHA DO DIA

Sobre Pimentel ?  O que estão acusando, não tem nada a ver com meu governo.

Dilma.

É DISCO QUE EU GOSTO



Post do Humberto Chiaradia.

Blog: Lista difícil de se fazer.

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SENTADOS NA BEIRA DA CALÇADA

Foi como imaginei a situação de três dos nossos mais preparados vereadores ao reclamar, no decorrer de reunião ordinária da Câmara Municipal, do pouco caso do executivo, não atendendo aos seus pedidos (oficiais) de informações.
Citado um caso pendente desde o início de 2009.
Esses episódios confirmam a existência do já famoso tratoraço na prefeitura.
Fica ruim para a própria Câmara, que constitucionalmente detém a mesma força que o executivo e o judiciário.
Ao lamentar sobre o desinteresse do Prefeito em atendê-los, utilizando subterfugios de prazos, etc, nossos representantes demonstram indícios de tibieza.
Não sei se eventuais questionamentos do judiciário estariam recebendo a mesma atenção do executivo.
Difícil mas não impossível.
Resta-nos a pergunta:
Por acaso Sois Rei ?

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PHOTOGRAPHIA NA PAREDE

Parque do Ibirapuera - SP - Ontem Foto Liv Rocha

PEQUENOS GRANDES MOMENTOS



Corria, creio eu, o ano de 1958. O filme, "Melodia Imortal", com Tyrone Power e Kim Novak, conta o história do famoso pianista americano Eddy Duchin, que tomou o barco prematuramente aos 51 anos devido a leucemia.
Foi o filme exibido na inauguração do Cine Holywood em Cristina, de propriedade do Sr. José de Jesus. Estava lá com o meu primo Marco Antonio Del Ducca, os amigos Tião Caldeirão, Adalberto Ferraz, João do Telefone, Leonardo, Joaquim do Peixinho e sentadas longes, as meninas bonitas, Vanessa, Terezinha Marta, Georgetta, Soninha.
A cena do menino coreano em parceria com Tyrone Power ficou selada na memória.

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PRATO DIFÍCIL DE PREPARAR

Post do Walter Bianchi 
Trecho do livro "O arroz de palma" de Francisco Azevedo.

Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele, o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente. E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza. Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto: é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada. O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini, Família à Belle Meuni; Família ao Molho Pardo (em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria). Família é afinidade, é à Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seria assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir. Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. “Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.”

Post do Walter Bianchi - Trecho do livro "Arroz de Palma" de Francisco Azevedo

ARMA ENFERRUJADA