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terça-feira, 9 de agosto de 2022

OS OITO DO HOTEL GLÓRIA

Antonio Callado

Praia do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1965. Em frente ao tradicional Hotel Glória, um grupo formado por artistas e intelectuais organizou o que seria uma das primeiras manifestações públicas contra a Ditadura Militar. 

Eram nove os manifestantes: os jornalistas e escritores Antonio Callado, Marcio Moreira Alves e Carlos Heitor Cony; os cineastas Glauber Rocha, Márcio Carneiro e Joaquim Pedro de Andrade; o embaixador Jayme de Azevedo Rodrigues – recém-afastado do Itamaraty; o diretor teatral Flávio Rangel; e o poeta Thiago de Mello.

Em meio a repórteres, fotógrafos e correspondentes internacionais, os nove estavam à espera do general Castello Branco, responsável pelo discurso que abriria o encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA) naquela noite. 

Foi a conta de Castello Branco descer do carro, para iniciarem os gritos de “Abaixo a ditadura”. Os manifestantes erguiam faixas com frases curtas e letras grandes o suficiente para saírem bem nas fotos: “Bienvenidos a nuestra dictadura”, “Viva a liberdade”. 

Oito deles acabaram presos – Thiago de Mello conseguiu escapar antes da chegada dos policiais.

No dia seguinte, o jornal O Globo noticiou na primeira página: “Esquerdistas fazem arruaça e acabam presos pelo DOPS - Departamento de Ordem Política e Social.

Mas a repercussão do caso não foi boa para os militares.

Enquanto os “Oito do Glória” passavam seus dias na carceragem do Batalhão da Polícia do Exército, protestos contra a prisão brotavam de todos os cantos. Do exterior, partiram de nomes como o escritor Alberto Moravia e os cineastas Luis Buñuel, Pier Paolo Pasolini e Jean-Luc Godard. 

Depois desse episódio, os militares não teriam mais dúvidas: a repressão à classe artística e intelectual não haveria de ser simples.

Danilo Araujo Marques

Viver é Perigoso

WHATSAPP



Queridos,

Vocês podem ter toda a certeza do mundo que o seu pai apreciaria muito a vinda de vocês para o almoço de domingo.

Inesquecíveis os dois últimos "Dia dos Pais". Com todos os riscos e contrariando todas as recomendações decorrentes da pandemia, vocês estiveram presentes. Ele adorou a vinda de todos.

A pandemia está controlada e quase todos vacinados. Mas o perigo que ronda o "Dia dos Pais" deste ano é muito maior e o pai de vocês não só irá entender a ausência de todos para o tradicional almoço de domingo, mas ele mesmo, julga ser impróprio o encontro familiar no próximo domingo.

Explico: Impossível não reparar pelo whatsApp da família, pelas suas páginas na Rede Social, pelos telefonemas, que os ânimos estão por demais acirrados nesse momento político que ora atravessamos.

Sei da posição, quase que radical, do Waltinho, face aos seus compromissos com o sindicato, em defender o seu grupo e o seu candidato. Entendo e continuo amando-o do mesmo jeito.

Também reconheço e perdoem-me o quase fanatismo da Rosali do Marcos, desde que se converteu ao grupo evangélico "Sonhos Eternos". Seus posicionamentos beiram a agressão.
Preocupante o Marcos tirar porte de arma. Isso me dá arrepio. E claro, vai queres hastear a Bandeira do Brasil na frente da casa.

O Florívio, sempre defendeu questões polêmicas, todos sabem. Tem influências diretas da sua vida solitária. Sempre foi assim e temos que entender.

Não tem o menor clima para a Margareth aparecer por aqui com aquela sua estranha amiga Nair.

Já pensaram ! Hoje podemos concluir que a pandemia nos uniu. Que saudade...

Churrasco não podemos fazer. Imaginem o Luiz Alfredo, depois de umas cervejinhas e tendo por perto, aquelas facas pontudas e afiadas da churrasqueira do seu pai. Arre ! Nem pensar.

Até pensamos em vez de churrasco, que exige armamento próximo, fazer um risoto de frutos do mar. Lembramos porém que um dos ingredientes poderia provocar "saia justa". Risoto de frutos do mar sem lula, não dá.

Impossível não receber para o almoço o Alvinho e a Antonia. Primeiro, que eles moram aqui perto e segundo, que são defensores da chamada terceira-via, vivem no mundo da lua e não estão nem aí para essas discussões.

Melhor para todos, em nome da preservação familiar, que façamos nossa reunião por ocasião do Natal, quando, de forma otimista, tudo já esteja amainado.

Sei que todos entenderão.

Mamãe

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