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segunda-feira, 18 de abril de 2016

PRÁ PENSAR

MUSA DO IMPEACHMENT

Andreia Sadi

ATROPELADOS


CARTA QUE NÃO RECEBI


Itajubá, 18 de outubro de 2016

Prezado Amigo,

Tudo bem. Como 99,9% dos brasileiros sou pelo afastamento, cassação, prisão e sei mais o que, do Deputado Eduardo Cunha.
Como declarou ontem um deputado federal ao proferir o seu voto. Um parlamentar diferente, gordinho, olhos rútilos, cabelo "cor de burro quando foge" e xale/bandeira sobre os ombros: 
- Pela minha família, por esse sacripanta e pulha do Eduardo Cunha, digo nãoooo !
Mas cá entre nós golpistas, o Cunha é competente no que faz. Conduz as longas reuniões encarando 500 e tantos espertos. Todos escorados por assessores, e não dá brecha para ninguém. Ouve as maiores ofensas sem se quer alterar o olhar ou o tom de voz.
Parece que iniciou a caminhada na trilha de São Thiago de Compostela com o olhar fixo na chegada. Ninguém o detém.
Arma prioridades para votação, ordens, instruções, corta e concede palavra e avança. Nas últimas duas semanas, quase todos fomos Cunha.
Caso usassem números nas costas dos ternos, na certa ele atuaria com o número 10. 
Claro que não perdoamos os seus rolos, os desvios, os gastos desvairados de sua família na boutiques e restaurantes de Paris e Dubai.
Mas, convenhamos: o cara é bom. O cara derrotou o lado escuro da força.
Quem sabe, algum jurista desses complicados não sugere a implantação de um novo instrumento jurídico: "Desempenho Premiado".
O elemento, no caso o nosso "bandido predileto", ou seja, o Cunha, senta com a equipe da Lava-Jato, relaciona tintim por tintim, todo o agrado que recebeu (agrado soa mais suave que propina), devolve tudo, deixa a presidência da Câmara, leva uma suspensão de uns 90 dias cumprida em prisão domiciliar, pede desculpas à nação em nota oficial e porque não ?  Pode até assumir o lugar do Dunga na seleção brasileira.
Afinal, têm sido constantes as goleadas que ele aplica no governo petista. Um elemento desses faz falta.
Seria um premio pelo desempenho.
Após ler o texto acima e deixar esfriar a sua indignação, respire fundo e murmure bem baixinho:
Pô ! não é que é ?
Aquele abraço golpista.

Viver é Perigoso