Um dos imaginários mais conhecidos da cultura judaica é a 'mãe judia' ou a 'iídiche mama'.
Esse arquétipo é geralmente reproduzido de diversas formas, representando as mães superprotetoras, essencialmente presentes, exigentes, obcecadas pela alimentação e o bem-estar dos filhos, por vezes carentes e por aí vai…
Mas, de onde veio essa ‘mãe judia’ e por que ela se tornou elemento fundamental do humor judaico? Por que essa figura é presença frequente na literatura, no cinema e em diversas formas de expressões culturais judaicas? As explicações, como tudo que é judaico, são várias.
Para as autoras Adina Kay-Gross, Carla Naumburg e Judith Rosenbaum, por exemplo, a iídiche mama carregava pouco do peso cultural negativo da mãe judia e era celebrada nos shtetls da Europa Oriental e nos bairros de imigrantes americanos na virada do século XX.
No artigo "Combatendo os esteriótipos sobre a mãe judia", as autoras (Adina Kay-Gross, Carla Naumburg e Judith Rosenbaum) explicam que esse personagem nasceu de uma ‘balabusta’ – palavra que define “uma boa mãe e dona de casa, conhecida por sua força e criatividade, empreendedorismo e trabalho duro, milagres domésticos e força moral’’.
Entretanto, depois de séculos de antissemitismo, somados aos desafios da vida de imigrante, a iídiche mama passou a reprensentar um peculiar intenso estilo maternal protetor.
Mas não é só isso. Ao final do artigo, as autoras falam da relação de saudade e nostalgia que a iídiche mama pode despertar entre aqueles que têm, nessa figura, uma referência capaz de fortalecer a relação entre o judaísmo e as trajetórias singulares de cada família na criação de seus filhos e filhas.
Seja pela irreverência do humor ou pela reverência à força das mães judias, a iídiche mama tem seu lugar cativo na tradição judaica .
Museu Judáico de São Paulo
Viver é Perigoso