O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem
Guimarães Rosa
Antes que me torne um eremita completo, ocuparei este espaço para falar e discutir um pouco, com simplicidade, sobre a vida, com suas alegrias e tristezas. Pode ser que acabe falando comigo mesmo. Neste caso, pelo menos prevalecerá a minha opinião.
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domingo, 3 de fevereiro de 2013
PORQUE HOJE É DOMINGO
Porque eu, o SENHOR, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo.
Isaías 41:13
TRADUÇÃO DO SILÊNCIO
Vittorio Medioli - Jornal O Tempo
O tradutor oficial da corte inglesa, o poliglota Giovanni Florio, versado, ao mesmo tempo, em latim, italiano, alemão, francês, espanhol e inglês, melhor do que qualquer outro da sua época, sustentava que, para "interpretar corretamente o silêncio, era necessário conhecer muito bem a língua de um homem". Ele, dentre muitos, era quem mais admiração recebia de Elizabeth I por suas "traduções" introspectivas, pelo "fumus"(fumaça) que captava do não dito. A palavra - é preciso lembrar - é um ato de criação, uma magia. Faz surgir, do nada, objetos, sentimentos, circunstâncias. Gera a imagem que não foi possível presenciar-se. Estimula a descer mais fundo na interpretação, a roubar os segredos dos anjos, as maldades dos diabos. A palavra certa, no momento certo, pode iluminar o caminho, abrir a porta de um ambiente sublime. Pode também entristecer, aterrorizar, levar à morte.
Florio tinha ciência de que uma má tradução poderia provocar perda irreparável, condenação imerecida e até guerras e horrores. Bem por isso, no fim de sua existência, forjado pelas responsabilidades que enfrentou, confessava que "a gramática e a palavra eram meios mais úteis para pacificar a humanidade do que tratados de paz e acordos comerciais firmados entre homens de Estado". A palavra certa, no momento certo, desanuvia, penetra no íntimo, abre o coração, conquista territórios e riquezas, ergue a paz no meio das incompreensões. Mas cuidado: "para compreender o ânimo de um homem, é preciso escutar como ele fala, pois a maioria das coisas fica sem ser dita, nas entrelinhas. Todavia, a parte não dita é a mais importante, pois se refere ao que foi dito e fixa o sentido da verdade".
Pode parecer complicado, mas basta pensar que o homem, por tendência egoísta, preservacionista, foge do que lhe desagrada, do que o complica, do que o desmente, do que o faz lembrar-se de que está em falta com a verdade. O Mestre ensinou como o cisco no olho alheio assume mais gravidade que a trave que cega a visão do próprio estulto. Pois é por aí: "as palavras são as cores de um quadro; o silêncio, as sombras". Por isso, é preciso prestar mais atenção nas áreas negras; nelas, como no silêncio, o indivíduo esconde o que o incomoda, aquilo com que o povo não pode sonhar. Transcorridos 420 anos, se o tradutor de Elizabeth I reencarnasse no Brasil, teria que se dedicar a "traduzir o silêncio dos culpados", daqueles que, do trono, falam quase todos os dias. Falam sem parar, falam por medo de ter que escutar.
Florio tinha ciência de que uma má tradução poderia provocar perda irreparável, condenação imerecida e até guerras e horrores. Bem por isso, no fim de sua existência, forjado pelas responsabilidades que enfrentou, confessava que "a gramática e a palavra eram meios mais úteis para pacificar a humanidade do que tratados de paz e acordos comerciais firmados entre homens de Estado". A palavra certa, no momento certo, desanuvia, penetra no íntimo, abre o coração, conquista territórios e riquezas, ergue a paz no meio das incompreensões. Mas cuidado: "para compreender o ânimo de um homem, é preciso escutar como ele fala, pois a maioria das coisas fica sem ser dita, nas entrelinhas. Todavia, a parte não dita é a mais importante, pois se refere ao que foi dito e fixa o sentido da verdade".
Pode parecer complicado, mas basta pensar que o homem, por tendência egoísta, preservacionista, foge do que lhe desagrada, do que o complica, do que o desmente, do que o faz lembrar-se de que está em falta com a verdade. O Mestre ensinou como o cisco no olho alheio assume mais gravidade que a trave que cega a visão do próprio estulto. Pois é por aí: "as palavras são as cores de um quadro; o silêncio, as sombras". Por isso, é preciso prestar mais atenção nas áreas negras; nelas, como no silêncio, o indivíduo esconde o que o incomoda, aquilo com que o povo não pode sonhar. Transcorridos 420 anos, se o tradutor de Elizabeth I reencarnasse no Brasil, teria que se dedicar a "traduzir o silêncio dos culpados", daqueles que, do trono, falam quase todos os dias. Falam sem parar, falam por medo de ter que escutar.
Vittorio Medioli
PIROU DE VEZ !
Romero Jucá, conhecidissimo Senador do PMDB, declarou que todas as denúncias apresentadas contra o nobre presidente do Senado, Rene Calheiros, também do PMDB, serão arquivadas. São coisas do passado.
Passamos a entender que todos os crimes acontecidos no passado (quando comecei a digitar este post já é passado), não devem ser questionados.
Doravante, segundo entendemos da declaração de sua excelência, somente deverão ser objeto de investigação e eventualmente punição, os crimes a serem cometidos no futuro.
O presente, praticamente já é passado.
Sem medo do cometimento de injustiça:
Os políticos brasileiros já estão em condições de serem processados por erros que certamente cometerão nos próximos anos.
Alguma dúvida ?
Claro, uma ou outra exceção sempre acontece.
ER
MINEIROS
...Só que mineiro não se move de graça. Ele permanece e conserva. Ele espia, indaga, protela ou palia, se sopita, tolera, remancheia, perrengueia, sorri, escapole, se retarda, faz véspera, tempera, cala a boca, matuta, destorce, engambela, pauteia, se prepara. Mas, sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz.
Guimarães Rosa
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