Já lá vão anos que caminham juntinhos pelas ruas da cidade. Roteiro definido e alterado quando da constatação de buracos, rampas e defeitos nas calçadas.
Boa Vista, é claro, Maria Carneiro atravessando a ponte. Subida pela Dr. Luis Rennó até pegar a Paulo Chiaradia, atravessando a Ponte do Mercado, avançando para a Praça Theodomiro Santiago e atravessando o calçadão. Passos firmes na Rua Nova, Praça do Soldado e caminho da roça pela Miguel Braga.
Não os tenho visto mais com tanta frequência. Caminham muito cedo e ainda mais com o frio e e corrida pelos jornais via internet, recluso fiquei.
Cativante o caminhar sempre de mãos dadas. Repito: sempre de mãos entrelaçadas. Na caminhada a ocorrência de doces balanços. Em um instante ela segue com a cabeça encostada no braço dele e em outros ele tenta, abaixando a cabeça, descansar no ombro dela. Tudo sem interromper a caminhada.
Outro dia os encontrei de esbarrão no supermercado. Resolvi comentar sobre a minha admiração pela tamanha proximidade. A dupla, creio eu, há não muito tempo, ultrapassou a barreira dos setenta. De casados com certeza os 50 anos (li no facebook).
Não fiquei abalado com a resposta, quase uníssona do admirável casal, muito embora o romantismo existente nos meus pensamentos tenha se aproximado mais da realidade.
- Realmente, a proximidade física foi uma constante em nossa vida, mas nos últimos anos temos sido tomados pela necessidade de apoio e equilíbrio. Qualquer titubeio ela me sustenta e vice-versa. Temos que seguir adiante e não podemos sequer pensar em tropeçar. Cair, está totalmente fora dos planos. Contamos um com o outro, aliás, como em toda a vida.
É a vida...
Viver é Perigoso