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quarta-feira, 30 de março de 2022

LIVRO, PRESENTE DE AMIGO

 


"Existe uma maneira de descobrir se alguém é honesto: basta perguntar a ele. Se responder "sim", é um trapaceiro. "

Grouxo Marx

Bom e complicado. "A (Honesta ) Verdade Sobre a Desonestidade " - Dan Ariely - Editora Sextante - 240 páginas. Como mentimos para todo o mundo, especialmente para nós mesmos.

O livro do professor Dan Ariely procura decifrar através de pesquisas, análises e experimentos o que leva o ser humano à desonestidade. O ser humano é honesto ou desonesto por alguma qualidade moral superior ou por falta ou excesso de oportunidades?

Dan Ariely defende no livro uma tese que denomina “teoria da margem de manobra”. 

Essa margem de manobra seria nossa flexibilidade individual para a trapaça, ou, desonestidade. O tempo todo procuramos vantagens, queremos o máximo de dinheiro com o mínimo de esforço, queremos retornos rápidos e altos para investimentos, estamos sempre à procura da oportunidade excepcional. No entanto, também queremos nos ver como pessoas honestas, boas, honradas. 

Esse processo é portanto dirigido por 2 motivações opostas. 

Estamos sempre em conflito, buscando um ponto de equilíbrio: furar ou não o semáforo, furar a fila para tirar somente uma pequena dúvida, vender muito mais caro aquele produto porque o comprador é desinformado, e por aí vai. Geralmente chegamos a um ponto de equilíbrio, nem muita trapaça, nem muita honestidade. O autor chama essa manobra de “flexibilidade cognitiva”. As pessoas trapaceiam quando têm oportunidade, mas não em excesso.

O grande ponto da margem de manobra é quebrar a regra e não sentir-se mal com isso. Quando fazemos algo desonesto e não nos sentimos mal, é porque já aconteceu um processo de racionalização e uma flexibilização cognitiva.

Podemos ser desonestos também por forças sociais. Imitamos uns aos outros e por isso a trapaça também pode ser contagiosa. Quando o trapaceiro faz parte do nosso grupo, isso nos dá confiança para transgredir as normas também. Já reparou que grupos sempre fazem mais estrago e barulho do que indivíduos isolados? Ter o respaldo e a aprovação do grupo nos motiva a ir além.

Resumindo:

1 - Desonestidade é coisa de ser humano. (não tem fronteiras, não é de um grupo de pessoas, mas de toda espécie) – até gorilas trapaceiam.
2 - Vamos sempre racionalizar nossas mentiras. (de um jeito ou de outro nos convencemos de nossas escolhas).
3 - Desonestidade é contagiosa. (existe uma crença popular nisso … uma maçã podre, estraga as outras).
4 - Ser honesto exige esforço e autoconsciência. (como ao comprar algo a pessoa pede bem menos que você imagina … mas na real você sabe que vale mais e que a pessoa está perdendo … porém, mesmo assim se aproveita para lucrar muito)
5 - O estresse cognitivo fragiliza nosso músculo moral. (quando cansados, sem dormir, com fome, podemos escolher atalhos e opções atraentes, mas que não são honestas – furar o farol, furar fila, e tantas outras coisas)

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.
Rui Barbosa