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quinta-feira, 3 de março de 2011

VÍCIO DIFERENTE

Andei lendo sobre isto outro dia. Vício.
As pessoas costumam misturar vício com hábito. Este, com um pouco de paciência,  pode ser considerado saudável. Vez por outra escuto: - você é viciado em ler jornal.
Discordo: tenho a hábito de ler jornal.
Voltando ao assunto: terrível o vício por tomar conhecimento, romancear e passar adiante, notícias ruins. Conheço algumas pessoas.
Sabem tudo sobre drogas e os infelizes usuários. Nomes, endereços, pontos de venda, etc. Comentam com os vizinhos, sempre com um ar de solidariedade e tristeza. - Em que ponto chegamos heim ? dizem, prontas para ajudar.
Uma tragédia liga a outra tragédia: Falam do assassinato ocorrido ontem e vão retrocedendo no tempo: Lembra daquele goleiro do Flamengo ? Não consigo me esquecer do caso Nardoni. E o crime da mala ? e o Jack "o estripador"? e o estranho corcunda de Notre Dame ? e o caso daquele irmão que matou o outro ? como mesmo era o nome dele ? Ah, lembrei-me, Caim.
E tragédias naturais ?
-Não posso ver nada na TV sobre Nova Friburgo. Nem me fale no Haiti, pois ainda não me esqueci do tsunami na Tailândia.
Rezei tanto pelos mineiros do Chile, Ai que dó rever as cenas da explosão da Challenger. Saudade do Ayrton Senna. Tenho os discos dos Mamonas.
E a enchente de 2000 ? em casa deu mais de metro de água (esqueceu que na época morava nos altos do Cruzeiro).
Ontem conversei como uma viciada em notícias ruins.
Fui preparado. Inventei as maiores calamidades para retrucar. Não adiantou. Sustentei a igualdade na conversa por uns cinco minutos, no máximo.
Desisti. A mulher é imbatível.

ER 

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