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segunda-feira, 26 de setembro de 2022

CLOROQUINA

Voltaire de Souza

Nervosismo. Ansiedade. Preocupação.

É tempo de pesquisas eleitorais.

O clima era tenso no comitê do candidato.

—Desse jeito a gente perde no primeiro turno.

Foi o momento em que um perfume envolvente se fez sentir na sala de reuniões.

—Oiêê!! Adoooro tango... "Volveeeer"...

Tratava-se de uma famosa atriz televisiva.

Fiel apoiadora do candidato em queda.

—Que desânimo é esse, gente?

—As pesquisas não estão boas para a gente...

—Ué... E daí? E daí, gentêêê...

Os marqueteiros ficaram em silêncio.

—Alegria, Roberto, meu querido.

—Mas...

—Se perder, faz parte da vida... pra quê ficar chorando?

—Você também acha que a gente está mal?

—Mal? Estamos ótimos. Como é mesmo a musiquinha?

—Qual?

—"Pra frente Brasil, Brasil..."

A simpática atriz começou a dançar com inegável poder de encantamento.

—Bolsonarôôô... ganhou, ganhou... e daí?

Ela abriu um pequeno frasco de cristal.

Roberto ficou curioso.

—Será que ela deu de beber?

—É cloroquina, gente... isso cura qualquer depressão.

Roberto respirou fundo.

—Me dá uma dose dupla.

E deu instruções ao garçom Dagoberto.

—E traz a vodca também. Para misturar.

O médico já disse para ele parar de beber.

—Bobagem. Com meu físico de ex-atleta, eu tomo todas.

A esperança política, por vezes, é como os mortos da pandemia.

A hora do enterro demora para chegar.

Viver é Perigoso

Um comentário:

Anônimo disse...

No cercadinho, Bolsonaro já está reeleito.
Alvaro Costa e Silva na Folha