Translate

sexta-feira, 24 de junho de 2016

MEDICINA EM ITAJUBÁ - 1

Em 1960, Itajubá possuía apenas um hospital, a Santa Casa de Misericórdia, fundada em 1894. Em julho daquele ano chegou à cidade o jovem médico Rosemburgo Romano (nascido em Ponte Nova), formado na primeira turma da Faculdade de Medicina de Uberaba, que, unindo-se a outros médicos, fomentou a ideia da criação de um novo hospital.

Para por em prática a ambiciosa aspiração, em 1963, foi criada uma sociedade anônima denominada Hospital Itajubá Sociedade Anônima (HISA), cujo primeiro contrato social foi elaborado pelo Sr. Alberto Pereira Filho, como Sociedade em organização, tendo inicialmente como membros oito médicos da cidade, que eram, em ordem alfabética: Dr. Adílio Guimarães Dias, Dr. Basílio Pinto Filho, Dr. Erasmo Cardoso, Dr. Joaquim Lima Coelho, Dr. José Pinelli, Dr. José Sebastião Rezende Monti, Dr. Orlando Sanches e Dr. Rosemburgo Romano.

Dr. Adílio (sempre a Boa Vista) quis ceder seu casarão, hoje pertencente à receita estadual no bairro da Boa Vista, mas, o antigo imóvel, apesar de grande e imponente, seria pequeno para o que se pretendia, assim, foram criadas ações para serem vendidas à população, o que geraria os dividendos para a construção do futuro hospital.

Os primeiro impressos relativos às ações do HISA foram feitos sob a forma de crediário pelo Sr. Geraldo Teófilo de Oliveira (também da Boa Vista) , pai da Dra. Daisy Mara de Oliveira Valério, anestesista, tendo financiado, portanto, a verba inicial do futuro hospital.

Os papéis das ações começaram a ser vendidos, com grande aceitação pela população de Itajubá e também pelas populações de cidades vizinhas, que entenderam a importância do empreendimento para toda a região, arrecadando dinheiro suficiente para a construção do hospital.
As plantas do hospital foram feitas pelo Eng. Joaquim Nogueira da Gama, do DER, Cel. Miranda, Engenheiro do exército, com o auxílio de outros, como Dr. José Ernesto Coelho, que trouxe fotografias de um moderno hospital dos Estados Unidos que acabou influenciando a planta definitiva.
Ainda no ano de 1963, foi adquirida uma área de propriedade da Sra. Cândida Gonçalves Bustamante e de seu marido Sr. José Gomes Bustamante, em um morro, no local denominado Chácara das Moças, atualmente Morro Chic. O casal e seus filhos José, Antonio e Tereza Bustamante, prestaram grande colaboração ao projeto, posto que, o valor que a sociedade anônima não tinha para pagar, foi financiado à longo prazo, tendo sido completado o pagamento muitos anos depois. O espírito nobre da família Bustamante jamais cobrou a instituição, deixando-a livre para pagar como e quando pudesse. Mais tarde seriam adquiridas mais duas outras áreas acima e ao lado do hospital.

As obras do hospital tiveram início em 31 de dezembro 1963, estando presentes, entre outros, o padre Agostinho Picardi, pároco da cidade, Dr. Rosemburgo Romano, Dr. Orlando Sanches, Sr. Antonio Riera, Sr. Sebastião Inocêncio Pereira, redator do jornal O Sul de Minas.
(observação: nosso querido Tio Antonio, da Padaria Boa Vista).

O prefeito na época era o Sr. José Maria Campos, mas, como a prefeitura estava em sérias dificuldades financeiras, o apoio restringiu-se apenas à aprovação da planta.

Só em 04 de maio de 1965, entretanto, com as obras já em andamento e contando já com mais de mil associados, é que foi lavrada uma Escritura Pública de Constituição da Sociedade Anônima Hospital Itajubá, até então nada estava oficializado, na qual consta um prédio em construção em terreno de 4.400m². A este ato estiveram presentes: Dr. Jerson Dias, Dr. Ítalo Mandolesi Filho, Dr. Joaquim Lima Coelho, Dr. Orlando Sanches, Dr. Rosemburgo Romano, Dr. Erasmo Cardoso, Dr. José Lourenço de Oliveira, Dr. Basílio Pinto Filho, Sr. Walter Mohallem, Sr. João Aldano da Silva, Sr. Roberto Benedito Andrade Carneiro, Sr.João Pinto Ribeiro, Sr. João Mauro de Morais (o nosso João Mauro - da Avenida) e Sr. Antonio Riêra.

As ações continuaram a ser vendidas, havendo grande colaboração na divulgação, na venda e na aquisição, por parte de médicos, outros profissionais e de grande parcela da população, não apenas de Itajubá, mas também de cidades vizinhas como Pedralva, Carmo de Minas, São José do Alegre (aqui se destacam o apoio do Sr. Geraldo Daniel de Carvalho, Sr. Benedito Mendonça e Sr. José de Campos), Santa Rita do Sapucaí (sob a liderança do Dr. Elias Kalláz), Piranguinho, Brazópolis, Paraisópolis, Conceição dos Ouros entre outros municípios, que compreenderam a importância do projeto para a região.

Não houve apoio do governo de Minas e então o Dr. Rosemburgo Romano buscou apoio em São Paulo, do Sr. Laudo Natel, que se prontificou a ajudar, concedendo empréstimo através do Bradesco, banco do qual ele era acionista e fazendo apresentações a empresas de São Paulo que poderiam fornecer material hospitalar.

Em 1966 as obras do hospital estavam praticamente concluídas e a aparelhagem começou a ser adquirida gradativamente. A empresa White Martins também concedeu crédito especial através do Sr. Pinheiro que era seu representante na região e do Sr. Félix Bulhões, diretor proprietário da empresa.
O hospital mais tarde receberia o nome de Hospital Escola da FMIt.


Livro "História da Medicina - Curiosidades e Fatos", de autoria do médico e professor, Dr. Lybio Martire Junior - Editora Astúrias.

Viver é Perigoso (09/6/2011)

Nenhum comentário: