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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

A CARTINHA

Um dia ele criou coragem e se declarou através de uma longa, pensada, reescrita e desenhada cartinha.

Disfarçadamente, se é que fosse possível, passou pelo Correio na Rua Nova, deu uma molhada lambida dos dois selinhos e a depositou no cata-carta.

Subiu em direção a praça principal, na certa esperando cruzar com a donzela, como sempre, nas proximidades da "A Liberty".

Realmente aconteceu. Melhor não tivesse acontecido. 

Não presenciaria a tragédia de vê-la de mãos dadas com aquele bexiguento com a fedida blusa da engenharia nas costas.

A carta ! Meu Deus, a carta !

Voltou correndo e solicitou a sua devolução, negada de imediato pela sisuda senhora.

Drama. 

Foi informado que o malote tinha acabado de seguir por trem para Pouso Alegre.

Só podia ser engano, a moça é daqui mesmo. Mora ali na Miguel Braga, na Boa Vista.

Burocracia e burrice. A distribuição é regional. Precisa ir até Pouso Alegre e voltar para ser distribuída. No ir e vir podem ser contabilizados cinco dias úteis.

PQP ! e agora ?

Continua no próximo capítulo.

Viver é Perigoso

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