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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

QUANDO A OMISSÃO É CULPA DA OPRESSÃO


“No primeiro dia de aula, o professor de ‘Introdução ao Estudo do Direito’ entrou na sala e a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno que estava sentado na primeira fila:
– Qual é o seu nome?
– Chamo-me Nelson, Senhor.
Gritando, o Professor disse:
– Saia de minha aula e não volte nunca mais!
Nelson ficou desconcertado e, quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu suas coisas e saiu da sala.
Todos estavam assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
O austero professor continuou:
– Agora sim! – vamos começar.
– Para que servem as leis?
Os alunos seguiam intimidados, mas pouco a pouco começaram a responder:
– Para que haja uma ordem em nossa sociedade.
– Não! – respondeu o professor.
– Para cumpri-las.
– Não!
– Para que as pessoas erradas paguem por seus atos.
– Não!
E o Professor insistiu:
– Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
– Para que haja justiça – falou timidamente uma garota.
– Até que enfim! – disse o Mestre. – É isso, para que haja justiça.
E ele continuou a inquirir a plateia, mostrando impaciência:
– E agora, me digam: para que serve a justiça?
Todos começaram a ficar incomodados pela grosseria, porém seguiram respondendo:
– Para salvaguardar os direitos humanos…
– Bem, que mais? – perguntou o professor.
– Para diferençar o certo do errado, para premiar a quem faz o bem…
E sem mudar o tom, voltou a questionar:
– Ok, não está mal, porém respondam a esta pergunta: – agi corretamente ao expulsar Nelson da sala de aula?
Todos ficaram calados. Ninguém teve coragem de responder.
E ele gritou, sem dar trégua:
– Quero uma resposta decidida e unânime!
Dessa vez os estudantes responderam de imediato:
– Não! – falaram todos a uma só voz.
– Poderíamos dizer que cometi uma injustiça?
– Sim!
Após uns poucos segundos, o Professor voltou a falar:
– E porque ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para praticá-las? Cada um de vocês tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais!
E terminou:
– Agora vou buscar o Nelson. Afinal, ele que é o Professor, eu sou aluno de outro período”.

Glelmann

Viver é Perigoso

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