Translate

terça-feira, 8 de março de 2011

CARTAS QUE NÃO RECEBI (EMAIL)

Ubatuba 08/3/2011

Prezado Zelador,

Estou com minha família, inclusive sogra e cunhado passando o carnaval em Ubatuba, que como você sabe, é a cidade (nos feriados) com mais itajubenses no planeta. Chega a rivalizar-se com a base.
Já vim a contra-gosto. Fui convencido pela patroa, que citando o "Dia Internacional da Mulher" me pegou de jeito.
Me sinto isolado do mundo inteligente. Sem internet (estou numa lan-house), TV com blocos da Bahia o dia inteiro enchendo o saco, a sogra tentando me dar lições de moral e por aí a fora.
Está acontecendo um fenômeno interessante que me lembra muito o filme "O mais longo dos dias" que abordou a invasão da Normandia pelos aliados.
É só ameaçar dar uma estiadinha (sempre falsa), e o povão deixa os apartamentos, substituindo o armamento (no caso dos heróicos soldados), por cadeiras desmontáveis, barracas e os indefectíveis isopores. Avançam desembarcando nas praias, puxando a criançada pelos braços, assumindo posições de defesa. A sogra, ainda usando o saudoso maiô catalina, modelo "Marta Rocha" 1954, ficou na retaguarda, temerosa de atravessar a avenida.
Nem bem montamos acampamento e tudo escurece novamente. Volta a chuvinha fria e persistente. Após inútil espera, a tropa recebe ordens de retirada.Todos de volta ao apartamento (alugado).
Recomeçam os jogos de baralho e dominó.
Os "pão de forma" estão acabando. A presuntada no fim e o queijo em fatias grudou todo. Impossível retirar uma fatia só.
A criançada está ranheta e se desentendendo por qualquer motivo.
Aqui não volto mais.
Ontem, quando de uma estiada, fui conhecer a famosa orla oceânica (pé na areia), onde os médicos e professores da cidade, tem as suas famosas "dachas".
Me senti (de ver falar) em Saint Tropez ou algo assim. Beleza ver o bom gosto e o progresso dos nossos conterrâneos.
Vamos embora hoje . Estou esperando, pensando com otimismo, levar umas sete horas na estrada. Isto, se o bravo golzinho não esquentar na subida da serra.
Neste carnaval eu dancei.

Otávio.

3 comentários:

Anônimo disse...

EH! UBACHUVA...

Anônimo disse...

UM CARNAVAL DIFERENTE

Carlos Alberto da Silva- AIL

Da janela do quarto andar de um apartamento, eu vi um carnaval diferente.
Iniciava-se muito mais cedo do que os desfiles e bailes ricamente ornamentados e longamente mostrados pelas emissoras de TV.
Diariamente, às 7 horas da manhã, chegavam todos com suas roupas usuais e as trocavam, em um barraco de madeira, pela fantasia diária.
Havia, como em toda escola de samba, as mais diversas alas.
A que mais me impressionava era a bateria. Os mais variados instrumentos se distinguiam. A cuíca, com seu conhecido ronco, era sonoramente representada por uma imensa misturadora de concreto manual mantida, constantemente, em rotação por animados ritmistas.
Outros movimentavam os chocalhos, pochetes de pregos presos à cintura, enquanto as marteladas imitavam os sons dos bumbos, na marcação do samba, à medida que executavam as fôrmas de madeira.
Já o mestre-sala e a porta-estandarte, com suas roupas mais elaboradas, iam e vinham, em toda extensão da pista, com os projetos nas mãos discutindo e esclarecendo cada ponto da obra, que se definia.
O sol escaldante, ao contrário dos desfiles formais realizados na amenidade da noite, não arrefecia o entusiasmo daqueles foliões. Não dispensavam, é claro, as constantes buscas às moringas de água sorvida aos enormes goles.
Estavam longe de imitar os seus irmãos, nos camarotes VIP′s montados nas avenidas, que se deliciavam com bebidas nacionais e estrangeiras em ambientes climatizados.
Mantiveram-se assim durante todos os dias de folia e continuaram, por toda a semana, na execução da obra.
Afinal, para estes brasileiros forjados na labuta diária, o carnaval não possui datas estabelecidas. Ele dura o ano inteiro ao som das necessidades da vida e com os passos e movimentos oriundos do aprendizado de longas e árduas jornadas de trabalho.

Anônimo disse...

That's very intriguing blog post..