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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O VELHO E O BAR


Do Walter Bianchi,

Frase atribuída a Hemingway (Premio Nobel de Literatura-1954): "O mundo para mim é sempre mais belo do que para os outros, pois eu estou sempre 2 doses de wisky à frente deles". Quando morou em Cuba costumava freqüentar o Floridita, um boteco, e a apreciar o daiquiri, uma mistura de rum, açúcar, gelo picado, sumo de limão - e um nada de marasquino, segundo algumas variantes.Mas preferia mesmo bebidas secas. Assim, operou uma adaptação no coquetel. Mandou que o barman tirasse o açúcar e, em seu lugar, acrescentasse outra dose de rum. Nascia o "daiquiri à Hemingway", que até hoje pode ser bebido no Floridita, ponto turístico de Havana(vale a pena visitar). Conta-se que 12 era o número exato de daiquiris duplos suportado pelo escritor num dia bom. Num dia ótimo, ele ainda pedia que os garçons colocassem algumas doses suplementares num balde de gelo para ir bebendo pelo caminho de volta à Finca Vigía, sua residencia na ilha. Ao longo da vida do escritor, o tema suicídio aparece em escritos, cartas e conversas com muita freqüência. Seu pai suicidou-se em 1929 por problemas de saúde e financeiros. Sua mãe, Grace, dona de casa e professora de canto e ópera, o atormentava com a sua personalidade dominadora. Ela enviou-lhe pelo correio a pistola com a qual o seu pai havia se matado. O escritor, atônito, não sabia se ela queria que ele repetisse o ato do pai ou que guardasse a arma como lembrança. Aos 61 anos e enfrentando problemas de hipertensão, diabetes, arteriosclerose, depressão e perda de memória, Hemingway decidiu-se pela primeira alternativa. A vida inteira jogou com a morte, até que, na manhã de 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho, pegou um fuzil de caça e disparou contra si mesmo.

Walter Bianchi

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