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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

LIBERDADE E INSULTO

Do Valter Bianchi:

 Prof. Desidério Murcho -  Universidade Federal de Ouro Preto

"Há quem pense que é possível conciliar a liberdade de expressão e a proibição do insulto. Mas isto é falso; como escreveu Orwell, "Se a liberdade de expressão realmente significa alguma coisa, existe o direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir". O conceito de insulto é demasiado escorregadio para se poder determinar o que é um insulto ou não. Nem todas as falsidades que se afirmam de alguém o insultam, por exemplo: se as pessoas disserem que o papa é espanhol, estarão a dizer uma falsidade que não insulta os católicos. Mas outras verdades poderão ser sentidas como insultuosas: afirmar que o papa é um homem que usa roupas que parecem saias e que acredita que o vinho se transforma em sangue de Cristo é afirmar verdades, mas poderão ser sentidas como insultuosas por alguns católicos. Assim, qualquer coisa que alguém afirma e que outra pessoa não goste pode ser considerado um insulto. Hoje é moda na vida pública virem pessoas a público, defender o direito de silenciar os outros porque se sentiram ofendidos. Não se pode por isso, dizer mal da homossexualidade, ou da religião, ou da democracia, ou da liberdade. Pode parecer paradoxal, mas este estado de coisas é uma ameaça à liberdade dos homossexuais, à liberdade religiosa, à democracia e à própria liberdade. Se as pessoas forem policiadas por dentro, evitando dizer o que realmente pensam, vão continuar a pensar tolices que ameaçam a democracia e a liberdade, e assim não vão as exprimir mais. A ideia de viver em liberdade e democracia inclui a ideia de aprender a viver com a diversidade de ideias e estilos de vida, o que implica a disposição para aceitar a realidade tal como é, com pessoas que nos desagradam mas que têm direito a existir. As pessoas são muito diversificadas; sem uma vontade honesta para aceita-las, a liberdade e a democracia estarão sempre ameaçadas. As pessoas religiosas gostariam de um mundo sem ateus, os ateus preferiam um mundo sem pessoas religiosas, muitas pessoas preferiam um mundo sem homossexuais, e estes preferiam um mundo sem essas pessoas. É esta falta de vontade para aceitar a humanidade tal como é que faz as pessoas aceitarem o conceito de insulto: é uma tentativa infantil de fingir que no mundo não há pessoas que nos desagradam profundamente, pois se elas existirem mas estiverem caladinhas, até parece que não existem. Esta atitude impede-nos de aprender a viver uns com os outros, com todas as nossas diferenças. Saber aceitar a sociedade de modo que as pessoas se sintam bem, independentemente de serem ateias ou religiosas, homossexuais ou astrólogas. E para isso, temos de abandonar o escorregadio conceito de insulto e aceitar plenamente a liberdade genuína de expressão. "

Abraço,

Walter Bianchi


4 comentários:

Bah Gorgulho disse...

Essa consciência de que todo o ser humano é um estranho ímpar, só a maturidade nos dá.
Segundo Lya Luft:
"A maturidade me permite olhar com menos ilusões, aceitar com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais duçura".
Bom seria se a palavra "liberdade" fosse compreendida e praticada por todos nós.

Anônimo disse...

Hospital Escola de Itajubá:
Você sabe do Zé ?...
- Bom dia, é da recepção do Hospital de Itajubá? Eu gostaria de falar com alguém que me desse informações sobre um paciente. Queria saber se certa pessoa está melhor ou piorou...
- Qual e o nome do paciente?
- Chama-se Zé e está no quarto 302.
- Um momentinho, vou transferir a ligação para o setor de enfermagem...
- Bom dia, sou a enfermeira Lourdes... O que deseja?
- Gostaria de saber as condições clínicas do paciente Zé do quarto 302, por favor!
- Um minuto, vou localizar o médico de plantão.
- Aqui é o Dr. Tonny plantonista. Em que posso ajudar?
- Olá, doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre a saúde do Zé que está internado há três semanas no quarto 302.
- Ok, meu senhor, vou consultar o prontuário do paciente... Um instante só! Hummm! Aqui está:
Ele se alimentou bem hoje, a pressão arterial e pulso estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser retirado do monitor cardíaco até amanhã. Continuando bem, o médico
responsável assinará alta em três dias.
- Ahhhh, Graças a Deus! São notícias maravilhosas! Que alegria!
- Pelo seu entusiasmo, deve ser alguém muito próximo, certamente da família!?
- Não, sou o próprio Zé telefonando aqui do 302! É que todo mundo entra e sai desta merda deste quarto e ninguém me diz porra nenhuma. Eu só queria saber como estou....pqp !!!

Anônimo disse...

Primoroso.

Anônimo disse...

Resumindo: Cada um no seu quadrado...