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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ESCUTANDO OS SENTIMENTOS...

Dá Bah,

Estava eu atravessando uma galeria de uma rua famosa, quando me deparei com uma jovem senhora que veio sorrindo em minha direção.
Ao se aproximar e simular um abraço, a reconheci. Abraçamos-nos forte como se fôssemos velhas amigas dos anos70. Na verdade, falei algumas vezes com ela durante nossa juventude, mas nada que nos aproximasse muito.
Mas... Eu sempre a admirei. Sua beleza era estonteante. Sua presença era marcante e sua fama ia além da cidade em que morávamos.
Sempre imaginei sua vida como um conto de fadas, pois se casou com um rapaz reconhecidamente inteligente, bem sucedido na profissão, dono de um QI invejável e tão charmoso quanto ela. Aquela jovem era para mim o retrato de uma mulher linda, feliz e realizada.
No meio da multidão que passava apressada por nós ficamos paradas conversando durante uma hora. À medida que a conversa evoluía fui passando a ser ouvinte.
Ela, do alto de sua elegância se desnudava interiormente para mim e contava-me sua vida.
Com os olhos marejados de lágrimas falou-me da solidão íntima em que se encontrava. Das desilusões, das frustrações com a não concretização dos sonhos tão sonhados na juventude e dos conflitos familiares que causaram o afastamento da família e de muitos amigos.
Eu, ali parada ouvindo aquela exposição dos seus sentimentos mais íntimos, não sabia o que dizer. Não tinha intimidade para conselhos nem questionamentos. Fiquei observando-a enquanto se abria comigo. Ela não tinha mais o frescor da juventude, não tinha o corpo escultural que a deixava tão sedutora, não tinha a alegria que era constante em seu rosto.
O máximo que consegui dizer foi: Que bom que você se livrou de todos esses sentimentos que lhe causavam tanto mal. Fique tranqüila que o tempo é o Senhor da razão e resolve tudo. Quando pensamos que estamos sós, Deus está carregando-nos no colo e quando ele percebe que estamos fortes Ele nos coloca no chão novamente.
Ela me olhou dentro dos olhos, sorriu e me disse: - Obrigada por ouvir-me. Abraçou-me fortemente e nos despedimos.
Voltei caminhando para casa pensando:
Éh! A vida não é o que parece.
Veio-me à mente a música do Gonzaguinha: É o carinho de um cofre guardado num coração que voou. É a certeza da eterna presença da vida que foi, na vida que vai, é saudade da boa, feliz a cantar, que foi, foi, foi...foi bom e pra sempre será. Mais, mais, mais maravilhosamente Amar.

Bah

3 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei curioso...

Bah Gorgulho disse...

Anônimo...
Acho que me expressei mal. O que eu quis enfocar no texto é a importância em ouvir o outro. É ser solidário e ajudá-lo com palavras incentivadoras para que ele próprio saia da situação em que se encontra, que com certeza é passageira.
Não é fofoca não.
Um abraço.

Anônimo disse...

Já passei por essa situação e graças a Deus consegui reverter. O desabafo é importante nessa hora mas...Os livros me salvaram...