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segunda-feira, 12 de julho de 2010

APARELHO COM DEFEITO

Um Senhor não muito popular da Boa Vista, de uns tempo prá cá começou a ficar surdo. A coisa foi acelerando de tal forma que ele já não era capaz de ouvir nem o som de 100 vuvuzelas (ainda não existiam).
De tanto aconselharem foi-se consultar em Campinas e voltou com um minúsculo aparelhinho amplificador para usar no ouvido.
Seria quase imperceptível se não fosse o controle remoto.
Sim, o moderno aparelho era operado por um controle remoto, muito parecido com esses de acionar portões eletrônicos.
Era muito simples. Tinha um símbolo de mais e outro de menos. Do próprio bolso, dependendo da necessidade e da altura da voz do interlocutor, ele aumentava ou diminuía a potência.
O problema estaria definitivamente resolvido se ele não vivesse na Boa Vista. Terra de molecagens, principalmente em se tratando de encher o saco de pessoas impopulares.
O pessoal combinou sempre em dirigir-lhe a palavra como se sussurando. Ele não se afligia. Acionava o controle remoto, aumentava o som e desenvolvia o papo.
Na sequência o interlocutor conversava usando a altura de voz normal. Ele imediatamente apertava o "menos" e assim ia o dia todo.
O homem não tirava mais a mão do bolso operando o seu controle.
Outro dia encontrei-o e (em tom normal) perguntei: - E aí, agora está dando prá levar ?
Ele respondeu de bate-pronto:
- Essa merda é legal, mas a bateria do controle tendo que trocar de dois em dois dias.
ER

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