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quinta-feira, 21 de setembro de 2023

MOÇO BONITO



Rubem Alves, mineiro de Boa Esperança, foi educador, escritor, teólogo, filósofo, poeta e, sobretudo, encantador de pessoas. 

Primeiro, quis ser pianista, estudou música, mas desistiu quando se comparou com o conterrâneo Nelson Freire. Depois, pensou ser médico, por amor a Albert Schweitzer. Andou pelos caminhos dos deuses: estudou teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas, SP.

Com mestrado no Union Theological Seminary, de Nova York, e doutorado em filosofia pelo Princeton Theological Seminary, tornou-se pastor protestante. 

Quando decepcionou-se com os ditames religiosos, decidiu ficar mais modesto e passou a andar na estrada dos heróis: militou na política, esteve na lista dos procurados pelo golpe militar de 1964 e foi professor livre-docente da Unicamp. 

Quando os seus “deuses e heróis morreram”, como pontuou, seguiu o caminho dos poetas, dos pensadores e das crianças: virou escritor e cronista. 

Mas foi, sobretudo, a vida toda, um menino e um avô que adorava brincar e compartilhar pensamentos: uma extraordinária figura humana, que amava a beleza, a natureza, as netas, os jardins e os pássaros, a sabedoria das crianças, o vento fresco da tarde, os ipês floridos, o outono, os animais, os campos e os cerrados, o mar e as montanhas, o orvalho sobre a teia de aranha e os pores-do-sol.

Célio Heitor Guimarães

Viver é Perigoso

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