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terça-feira, 7 de junho de 2011

CHEGANDO O DIA DOS NAMORADOS

Uma data terrível para o mané é o Dia dos Namorados. Quando o 12 de junho se aproxima, o mané começa a se sentir mais mané. É necessário entender que durante o ano inteiro ele se engana, se esquece de sua manezice e, vez por outra, chega a se considerar cerol. Mas quando se aproxima o 12 de junho, ele olha para a mão direita e tem vontade de chorar. Se o mané for canhoto, frise-se, ele olha para a esquerda.
O mané convicto, aquele que tem orgulho de ser mané e bate no peito para dizer que não namora ninguém, encara a data como uma consagração de sua opção individual. Vai a locadora de vídeo, aluga  Dia dos Namorados Macabro e vira a meia-noite vendo o filme e tomando coca-cola de canudinho.
Mas poucos têm semelhante lucidez. O Dia dos Namorados pode gerar traumas profundos na instável psiquê do mané. Ele é bombardeado por anúncios repletos de casais românticos nos quais, invariavelmente, o homem parece um mané e a mulher é maravilhosa. Ele sente. Ele se identifica. Ele geme baixinho.
Um mês antes, ele se toca de que aquele será mais um ano em que passará a data em branco. Sem dar nem ganhar presente.
Se for um mané rico, isso ainda doerá mais. A angústia começa aí. Ele faz uma lista imaginária de mulheres que poderiam salvá-lo da tragédia. E, coisa incrível, constata que toda mulher tem namorado perto do Dia dos Namorados.

Arthur Dapieve/Gustavo Poli/Sérgio Rodrigues - Manual do Mané (Edit. Planeta)

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