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segunda-feira, 16 de maio de 2011

LENDA DO ROCK

O Zelador, com a Sonia, Rack e Liv, esteve na última terça-feira no Credicard Hall, em São Paulo, assistindo ao sensacional show do John Fogerty. Inesquecível. Duas horas de som de primeirissima qualidade.

Escreveu o André Barcinski na Folha

Uma parte importante da história do rock estará hoje (esteve), em carne e osso, em Sâo Paulo: John Fogerty.
Dá pra contar nos dedos os compositores de rock com um currículo tão impressionante: “Bad Moon Rising”, “Fortunate Son”, “Have You Ever Seen the Rain”, “Green River”, “Down on the Corner”, “Proud Mary”, “Who’ll Stop the Rain”…
Se Fogerty tivesse um pingo de tino comercial, seria um dos heróis mais celebrados do rock. Mas o sujeito tem pavio curto e por várias vezes pareceu sabotar a própria carreira.
Brigou com o irmão. Chegou a ficar onze anos sem lançar um disco. Recusou-se a subir no palco com os antigos companheiros do Creedence Clearwater Revival na festa do Hall da Fama do Rock.
Era um artista muito superior aos outros integrantes do CCR, e não fazia questão de esconder isso de ninguém. Numa discussão, chegou a dizer aos companheiros: “Minha voz é um instrumento único, e não vou emprestá-la para as músicas de vocês”.
Para provar seu ponto, ameaçou abandonar a banda caso o baixista Stu Cook e o baterista Doug Cliiford não colaborassem com dois terços das músicas para o álbum “Mardi Gras” (1972). Quando o disco saiu e foi malhado pelos críticos, John largou o grupo.
Com o CCR, Fogerty teve uma carreira rápida e impressionante: sete álbuns em menos de quatro anos. Foi uma época conturbada, com brigas que levaram o irmão, Tom, a abandonar o grupo em 1971.
Depois do fim do CCR, Fogerty embarcou numa carreira solo cheia de problemas. Lançou dois discos e depois ficou dez anos sem gravar. Mais dois discos, em 1985 e 1986, seguidos por um sumiço de onze anos.
Em 1997, lançou “Blue Moon Swamp”. Tive a sorte de ver um dos shows dessa turnê. Foi no Radio City Music Hall, em Nova York, com uma banda sensacional que incluía o baixista Donald “Duck” Dunn (do Booker T & the MG’s) e o baterista Kenny Aronoff (Lynyrd Skynyrd, Smashing Pumpkins).
Num palco decorado como se fosse um pântano da Louisiana, Fogerty cantou uns 15 clássicos do Creedence e várias músicas de “Blue Moon Swamp”. Tocou guitarra como um possuído. Sua voz áspera continuava igualzinha à época do CCR. Se o show de hoje em Sâo Paulo for parecido, será imperdível.
Ao longo dos anos, a música de John Fogerty sofreu um processo de desvalorização semelhante ao de Raul Seixas: muita gente ruim fazendo versões pavorosas. Mas, com ele no palco, esse risco não existe.
Nada como ver o original.

Barcinski



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