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quarta-feira, 30 de março de 2011

VAMOS A LA PLAYA

Cenário curioso e preocupante. Sentada confortavelmente em uma cadeira na praia, embaixo do guarda- sol colorido, observava as pessoas ao meu redor.Em meio a tanta diversidade captei uma cena hilariante e curiosa. Do meu lado direito, acomodou-se um senhor de meia idade junto aos abonados que provavelmente estavam hospedados no mesmo hotel ou flat. Ao chegar ele já encontrou seu guarda sol aberto, sua mesinha para as bebidas e petiscos marítimos, sua cadeira de praia e uma esteira de bambu esticada ao lado dela. Homens fortes e bronzeados, especializados em atender vips, surgiam trazendo as mordomias para todos que se abrigavam nos guarda-sóis com o emblema do hotel. O senhor em questão sentou-se calmamente, lambuzou o corpo de protetor solar, ajeitou um boné de marca na cabeça, colocou o óculos escuro, apanhou o jornal daquela manhã e alheio a tudo que se passava ao seu redor concentrou-se na leitura sem ao menos olhar no rosto do homem que lhe dispensava tantos mimos. Assim permaneceu: sério, egocêntrico, com ar de superioridade. Enquanto observava meu vizinho da direita ouço uma gritaria do meu lado esquerdo. Automaticamente virei o rosto para ver o que se passava. Meus olhos se depararam com uma cena hilariante... Na Avenida da praia acabara de estacionar uma Kombi e dela saiu em torno de umas quinze pessoas de várias idades. Deslumbrados com o mar correram pela areia gritando como se fossem índios e, já vestidos com seus trajes de banho, cada qual queria alcançar as águas salgadas um mais rápido que o outro. Na areia dois garotos já cavavam um buraco e enterravam um terceiro jovem deixando só a cabeça dele de fora. A algazarra era grande. A alegria era explícita, congiante. Mais atrás vinha uma senhora gorda carregando a sacola com sanduiches, frutas, bolachas e demais guloseimas. Chegando na areia ela estendeu uma toalha e depositou ali o que seria o almoço daquele dia prazeroso. O chefe da turma quase sem força carregava o isopor com as bebidas mergulhadas em muito gelo. Depositou-o ao lado da toalha.Deixaram tudo ali e caminharam para o mar sem passar nada no corpo para protegê-lo do sol escaldante. Eu só ouvia os gritos de felicidade das crianças e os gritos dos pais recomendando que não se afastassem muito. Vagarosamente e suando em bicas aproximou-se também um senhor e sentou-se sobre a toalha. De calças compridas, camisa, tenis e muito suado, segurava a chave do carro na mão. Olhou para o mar, olhou para o céu, olhou em volta e admirado contemplou a natureza e as belezas daquele lugar. Deduzi ser ele o motorista da Kombi. Olhou para mim que não tirava os olhos da cena e sorriu. Em seguida e educadamente puxou conversa. Eu respondia o que ele perguntava e enquanto isso o senhor do meu lado direito nem levantava os olhos do jornal. De repente a maré subiu e a onda veio até onde estávamos trazendo tudo do mar. Foi quando o motorista da Kombi achou um óculos que enroscou em seus pés. Calmamente ele o pegou, limpou-o com a toalha que lhe servia de esteira e colocou nos olhos. Ouvi então a frase: - que maravilha! Que milagre! Como estou enxergando bem! Tudo é muito mais lindo! Obrigada meu Deus. Como estou enxergando melhor! E colocou os óculos e já ficou com ele. Nesta hora o senhor do lado olhou. Sem expressar nenhum sentimento voltou os olhos para a leitura e permaneceu alheio a tudo, com a fisionomia séria e sem esboçar nem ao menos um sorriso. Perguntei ao motorista: de onde o senhor trouxe estas pessoas? - De longe. Disse-me ele. De onde eu vim, até aqui dá mais de duzentos quilômetros. - Meu Deus! Disse à ele. E o senhor nunca usou óculos para dirigir? - Não. Mas de hoje pra frente vou usar sempre.
Eu não sabia que não enxergava direito. Agora vou trabalhar bem mais feliz!

Mabet1

Um comentário:

Anônimo disse...

Contrastes do nosso Brasil. Já presenciei cena parecida e me perguntei: Quem é mais feliz?