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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

VIDA DE ARTISTA

NOEL ROSA

Dia 11 de dezembro, próximo sábado, comemora-se o centenário de nascimento do gênio Noel Rosa.
Noel Rosa foi um dos poucos artistas geniais de nossa música popular.
Durante apenas sete anos, dos 19 aos 26 anos, Noel compôs e deixou registradas 250 músicas, onde criticou, elogiou, fez gozações e deixou marcados para nossa história cultural inúmeros aspectos de nossa sociedade, especialmente a carioca do século passado. Apenas Chico Buarque pode ser comparado a Noel Rosa.
Foi um dos mais importantes, profícuos e eficazes compositores da música popular brasileira.
Noel de Medeiros Rosa nasceu em 11/12/1910, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Sua mãe teve um parto difícil pois Noel teve que ser tirado a forceps, o que causou fratura em seu maxilar, fato que o prejudicou por toda vida, apesar de ter feito algumas cirurgias mas sem muito sucesso. Noel foi alfabetizado pela mãe, Marta de Azevedo, que era professora. Aos 13 anos começou a tocar bandolim de ouvido e violão que aprendeu com o pai Manuel Medeiros Rosa. Apaixonado por música, conheceu o grande compositor Sinhô de quem se tornou admirador, fato que muito o influenciou a gostar de música.
Em 1929, um grupo de amigos de Vila Isabel e alunos do Colégio Batista, Almirante, Braguinha, Alvinho e Henrique Brito formaram um grupo musical, o Flor do Tempo, que se apresentava em festinhas locais. Pouco depois, esse grupo foi reformulado mudando o nome para Bando dos Tangarás, com a inclusão de Noel Rosa. Daí em diante Noel dedicou-se com afinco e exclusivamente à música, compondo e gravando.
Noel compunha tanto letras como músicas, sendo muito versátil e tendo enorme sensibilidade e competência para captar e colocar em versos suas críticas à sociedade carioca da época. Os maiores sucessos de Noel foram: "Feitio de Oração", "Feitiço da Vila", "Pra que mentir", "Só pode ser você", "Quantos beijos", "Cem mil Réis", "Conversa de Botequim" estas com o músico paulista Vadico, "Pastorinhas" com Braguinha, "Último desejo", "Até amanhã", "Com que roupa ?", "De babado", "Fita amarela", "Gago apaixonado", "Palpite infeliz" e muitas outras. Noel conseguiu com fina ironia e muita sensibilidade retratar em versos e músicas as principais características populares do Rio de Janeiro do início do século passado.
Segundo o crítico musical João Máximo "Noel pode não ter sido o melhor compositor da Época de Ouro da MPB (1930 - 1945) mas foi o mais importante. A transformação que Noel empreendeu diz respeito à lírica da canção popular. Antes, a letra coloquial, anedótica, debochada, satírica, confinava-se aos limites da canção carnavelesca. As letras "sérias" principalmente as de cunho romântico, perdiam-se em preciosismos, em imagens parnasianas, em exageros poéticos. Foi Noel Rosa quem demonstrou que tudo cabe numa canção "séria", ainda que haja lugar também para a crítica e o humor irreverentes".
Noel largou o curso de medicina no terceiro ano para se dedicar à música. Noel fazia tanto letras como músicas. Foi sem dúvida o compositor brasileiro mais fértil ao retratar a sociedade brasileira dos anos 20 e 30. Foi o primeiro compositor branco de classe média a "subir" o morro e compor juntamente com "as orígens" do samba. Noel deixou cerca de 250 músicas e faleceu em 4/5/1936 com apenas 26 anos.

Dárcio Fragoso/ Alfredo Junta


Um comentário:

wartão disse...

Grande Poetinha da Vila
Noel Rosa era muito boêmio. Certo dia foram chamá-lo para ir participar de uma reunião de sambistas.
Sabem o que a mãe dele fez? Escondeu a roupa dele todinha, assim ele não poderia sair. Daí, ele fez o samba famoso: Com que Roupa.
Tudo indica, que Noel Rosa não percebeu de início o potencial da música "Com que Roupa", pois, além de mantê-la inédita por um ano, vendeu-lhe os direitos pela quantia de 180 mil-réis, irrisória já na época.