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quarta-feira, 5 de maio de 2010

PERFUME DE GARDENIA


Não pensem que se trata do bolero cantado por Bienvenido Granda.
São apenas lembranças de um estudante de Mogi Mirim que foi fazer engenharia em Itajubá nos idos de 68/69. Para isso, era obrigado a usar os ônibus que faziam a linha Campinas/Itajubá.
Nome da empresa: Expresso Gardênia.
Roteiro: Campinas - Mogi Mirim - Itapira - Barão Ataliba Nogueira - Jacutinga - Ouro Fino - Caneleiras - Borda da Mata - Pouso Alegre - Santa Rita do Sapucai - Foeiro - Piranguinho - Itajubá (fora as paradas no meio da estrada).
Detalhe: de Itapira a Ouro Fino a estrada era de terra.
Distância 270 kms - De Campinas até Itajubá. De Mogi Mirim até Itajubá: 220 kms.
Três horários: De manhã, no almoço e no cair da tarde.
Tempo de viagem: de 6 a 7 horas de duração (podem acreditar que é verdade)
Em cada uma das cidades uma parada. Biscoitos de polvilho salgado e doce em todas as paradas. Passageiros estranhos e cada um com a sua característica.
Cigarros de palha e de papel.
Na bagagem de cada um os mais exóticos "perfumes" (linguiça, peixe, galinhas, leitoas e tudo o mais que você possa imaginar).
No verão janela abertas (calor e poeira), no inverno janelas que não se fechavam (frio). Durante as chuvas atoleiros.
Noites de insônia e dias enlameados empurrando ônibus ou aguardando o trator para puxar.
Diálogos: Vosmecê vai apiá na Borda ? Não vou apiá em Inconfidentes.
Risos, Desespero para chegar. Novos amigos... e por incrível que pareça, saudades.
A aventura não acabava na Rodoviária de Itajubá. Ainda tinha a charrete que me levava até a República Juqueri, perto do mercado e da antiga ponte de arcos.
É verdade gente, existia um ponto de charrete na Rodoviária e outro no Mercado. E lá íamos nós. O charreteiro, eu e a minha mala amarelada de poeira com seus grandes rebites dourados nos cantos. Todos acomodados na boléia da charrete.
E acreditem ou não: quando os meus filhos estudaram em Itajubá, reclamavam do Fiat 147 que eu lhes dei para viajar.
Sinal dos tempos.
Mas uma coisa eu garanto: eles nunca sentiram os "perfumes de gardenia".
Walter Bianchi Filho (o nosso Wartão)

4 comentários:

Rafael Pereira disse...

Pois é, eu tinha uma tática infalível quando estudava em Campinas e vinha pra casa mensalmente visitar a família e amigos e tinha que pegar o gardenal: Passava a noite em claro e pegava o primeiro ônibus, quando acordava já "tava" em Itajubá. Ah isso depois que a obra da BR ficou pronta, pq até então, acordava com a lentidão absurda do ônibus no trecho PA x ITA...

Edson Riera disse...

No quinto ano de engenharia (1973) fiz estágio permanente em Campinas, na Nativa. De janeiro até Dezembro. Ia de Gardenia no domingo (18:30 horas) e voltava na quarta feira no mesmo horário. Foi um ano de estrada. Nessa época que sugeri para o motorista trocar o velocímetro por um calendário. Atenção ! Não tinha toillete à bordo.

edson

virgilio cabral disse...

Provavelmente o charreteiro era o seu negrinho pai do Zé Lourinho e sogro do Cipam.
Zé Lourinho e Mingau eram cartolas do Smartinho.

Virgilio Cabral disse...

A memória está começando a ficar fraca e vou corrigir o erro cometido.
Zé lourinho na verdade é filho do Tio João Masseli,sapateiro na Boa Vista e o Sr Negrinho era pai do Sr Celso Santos,avó do Zaga.