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sábado, 1 de maio de 2010

A MAIOR DEFESA DE SUA VIDA

O Virgílio encontrou na semana passada com um dos melhores goleiros que já viu jogar em Itajubá, o Júlio que fechava o gol do Derminas nos anos 60.
Com Júlio em campo, no máximo o placar era em branco.
Dizem que o nome desse menino que anda jogando na Internazionale de Milão, Júlio César, foi colocado pelo seu pai, em homenagem ao grande Júlio do Derminas.
O encontro se deu numa sala de espera de um médico pediatra da cidade (esqueci de perguntar o que os dois velhinhos estavam fazendo lá).
Após matar a saudade, o sempre arguto Virgílio perguntou ao velho arqueiro, que já apresentava alguns sinais de esquecimentos : - Qual foi a maior defesa de toda a sua carreira ?
Júlio não pestanejou e respondeu de bate pronto: Essa eu não esqueço jamais. Penso nela todas as noites antes de dormir.
Deu uma pigarreada e continuou, com a recepcionista do consultório e uma enfermeira também aproximando para ouvir.
- Foi numa tarde linda de sol outonal, com o céu azul e a temperatura começando a declinar. Estava sentado na sala da minha casa e observando na cozinha conjugada, numa distância de aproximadamente quatro metros, o meu sobrinho de oito meses gatinhar pelo piso de ladrinhos. Foi quando aconteceu o inesquecível lance.
A minha mãe estava fazendo um bolo, já com todos os ingredientes no copo do liquidificador, instalado indevidamente em sua base.
A "velha", carinhosamente falando e que Deus a tenha, esticou o braço e acionou a tecla para ligar eletrodoméstico.
Júlio deu uma respirada profunda e seguiu:
- Como estava mal acoplado, o copo rodopiou, subiu e desceu com tudo em direção da cabecinha do meu sobrinho.
E franzindo o cenho: - Com o meu conhecido reflexo, tomei um impulso e literalmente alcei um longo voo. Fiquei na horizontal numa altura de 1,30 metros do solo, apanhei o copo em pleno ar, recolhendo-o até o peito, passando por sobre o menino e me espatifando pela porta da cozinha, indo estacionar debaixo do tanque de lavar roupas, que ficava na área externa.
Após ligeira pausa, prosseguiu: - Para mim, o silêncio que se seguiu era como duzentas mil pessoas me aplaudindo pela defesa de um penalty no último minuto de jogo de uma final de copa do mundo.
E finalizou: - Ficamos sem o bolo, mas essa intervenção me marcou para sempre.
O Virgílio disse que disfarçou as lágrimas que desciam pelo seu rosto, enquanto a recepcionista e a enfermeira também tiravam dos olhos algum cisco virtual.
ER

2 comentários:

wartão disse...

Zé e Lilico: S E N S A C I O N A L !!!!!!!!!!!!

Evandro disse...

Essas histórias são as que me fascinam.


Parabéns