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terça-feira, 24 de novembro de 2009

CIDADE CEGA !

No final dos anos 80, tivemos a primeira (nos tempos mais modernos) grande greve dos metalúrgicos em Itajubá. A paralização foi quase total e até benéfica, pois acabou mobilizando a sociedade em torno de várias questões.
Uma delas, foi a participação decisiva, pelo lado Patronal, da Associação Comercial e Industrial de Itajubá, que formou uma comissão para negociar com os grevistas. Após muitas pressões e conversas tensas, se chegou a um acordo entre as partes.
Pois bem, logo após, foi criado o Sindicato Patronal, hoje forte na Cidade, do qual fomos, com muita honra, um dos fundadores e membro da primeira diretoria.
Estou chegando onde gostaria: Em uma das primeiras reuniões para tratar do dissídio da categoria, participaram sócios, dirigentes de empresas com centenas e até mais de mil funcionários e também de pequenas empresas, com seis, dez, vinte funcionários, por aí.
As grandes empresas podiam pagar um piso salarial maior do que as pequenas, o que é óbvio e queriam colocar essa vantagem como item a ser negociado com os trabalhadores, que se aprovado, deixaria as empresas menores em dificuldade.
Criado o impasse, a questão foi colocada em votação e por poucos votos, a posição defendida pelas pequenas empresas foi vencedora.
Pois bem, o Diretor da empresa com mais de mil funcionários, de forma enérgica, questionou o processo de votação e a qualidade dos votos.
Afirmou ele: Não é justo, que o meu voto, representando uma empresa de mil funcionários, tenha o mesmo valor do voto do Sr. Benedito, que tem dez funcionários !
Silêncio mortal na sala. passado alguns minutos, o Sr. Benedito se levantou e falou pausadamente:
- Pela primeira vez, nesta reunião difícil, eu tenho que concordar com o Senhor.
Todos arregalaram os ólhos. Prosseguiu ele: Os nossos votos não podem ter o mesmo valor, pois o meu deveria valer mais! Espanto geral !
Aqui vota o dono, o proprietário, o criador da empresa, que a fecha e a abre quando melhor lhe convier. O Senhor é um homem de capacidade, mas, com todo o respeito é um funcionário e desculpando a palavra, o Senhor não dá um pum (na realidade não disse pum), sem consultar São Paulo. Por isso o meu voto deveria valer mais.
Após algum mal estar as coisas voltaram as boas. Hoje, passados quase vinte anos, o diretor da grande empresa voltou para São Paulo e o Sr. Benedito, continua dirigindo a sua pequena empresa.
Complemento eu: Essa visão continua sendo adotada, de forma geral e sem tirar o merecimento de quem quer que seja, dentro de Itajubá.
Pelas suas dificuldades, pelas suas lutas, pela guerra de sobrevivência no mercado, por ter custos financeiros maiores, os pequenos empresários, adquirem muito mais conhecimentos e estão sempre solicitos a participar do desenvolvimento da Cidade.
No entanto, dificilmente são procurados pelas autoridades e entidades.
ER



Um comentário:

Alfredo disse...

Com relação ao Patronal, ainda é assim. Por isso, há anos eu deixei de ser associado, pois tendo de engolir sapos de qualquer maneira, prefiro fazê-lo sem pagar (mensalidade).