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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

GRANDIOSA CORRIDA DE TOROS - MADRID

Tempos atrás caí na besteira de convidar um amigo madrilenho( na verdade, você quase nunca tem um amigo espanhol, ou é madrilenho, ou basco, ou andaluz ou catalão, etc), para assistir no Maracanã a um FlaxFlu, adiantando -lhe que seria um espetáculo mágico.
Ele gostou mas não demonstrou muito entusiasmo. Mais recentemente jantei com ele na sua Cidade e ele me intimou a acompanha-lo no dia seguinte (seria uma sexta-feira) a uma corrida de touros na famosa Plaza de Toros de Madrid, a las 7 de la tarde (nessa época de temporada de corridas o sol vai quase até as dez da noite), afirmando que o FlaxFlu seria colocado no bolso, em termos de emoção.
Extraordinária a Plaza de Touros de Madrid, que fisicamente não é grande. O pessoal a frequenta muito bem vestido. Os ingressos são vendidos com meses de antecedência. Normalmente acontece a corrida de seis touros, todos originados de um criador famoso. Pelo menos nessa tarde, ficou estipulado 2 touros para cada espada (cada toureiro matador).
A cerimonia de inicio do espetáculo é emocionante e inesquecível, com a orquestra tocando aquela entrada característica, os ajudantes (caras que ficam enchendo o saco dos touros quando é necessário), os picadores (normalmente 2 montados em cavalos quase que blindados - picam, dentro das regras, os lombos dos touros), os bandarilheiros (caras de extrema coragem, que fincam as bandarilhas no lombo do bicho) e logicamente as figuras máximas - os espadas.
Nessa tarde, os grandes: David Luguillano, Victor Puerto e Antonio Barrera. Tudo dramático, mágico, monumental.
Quando começa verdadeiramente a corrida, abrem a porta e o touro, como uma locomotiva negra, entra na pista a uns 100 kms/hora. Os espectadores presentes, escutam perfeitamente a respiração e o barulho dos cascos.
Depois de uma entrada rápida dos ajudantes (creio que é para o toureiro conhecer o estilo do animal) e da passagem dos picadores (para enraivecer o touro) o espada entra na arena com sua manta vermelha e amarela.
É um show. Balet puro, coragem extravasando pelos poros. Depois que o animal e atingido pelos bandarilheiros, o espada volta até colocar o animal totalmente dominado e matá-lo com uma pequena espada, de forma rápida.
Entram na arena 4 fogosos cavalos, com penachos nas cabeças e arrastam o corpo do touro para fora da arena (normalmente é doado para casas de caridade). É impressionante o clima, as músicas executadas pela orquestra, a solenidade e a participação do público.
Fica deixado de lado o dó. É o retrato de uma luta simbólica e faz parte da tradição de um povo. Não é programa para coração fraco.
Foi uma emoção que marcou e trouxe de volta a memória, as cenas descritas com tanta precisão por Ernest Hemingway em "Morte à Tarde", O mesmo Hemingway que deixou gravado: Um homem pode ser destruído, mas não derrotado (o velho e o mar).
Cá entre nós. Por diversas vezes me peguei torcendo pelo touro.
ER

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