PALMAS NO PORTÃO

 

Não foram muitas palmas. O Protógenes atendeu logo, depois de uma espiada entreabrindo a persiana.

- Ô Luis Carlos, que alegria ter você aqui. Há quanto tempo ? Espera que vou pegar a chave e abrir o portão.

- Não precisa não Protógenes. É coisa rápida.

- Imagine ! Depois de tanto tempo...

- Senta meu amigo. Vai um cafezinho ? A Luzia acabou de passar.

- Serei rápido Protógenes. Relutei muito em vir aqui, porém fiquei preocupado de você receber a notícia por outros.

- Vamos lá meu amigo. Sou todo ouvidos, afinal nesses longos anos nunca tivemos segredo.

- Protógenes, estou com vergonha de dizer. Nem sei como começar.

- Estou pronto para ouvir de você, caro Luis Carlos, as piores notícias.

- Protógenes, sabe que te respeito como um irmão, jura que não irá guardar mágoa ?

- Luiz Carlos, crie coragem e desembuche. 

- Protógenes, estou com vergonha de dizer.

- Pelamor ! está precisando de grana ? aprontou alguma ? brigou com a comadre ? sofreu alguma advertência do padre ? deu uma pisada na bola ? Ah ! em tudo se dá um jeito. Poderia ser pior, por exemplo, algum oportunista ter lhe convencido a sair candidato a vereador.

- Pois é Protógenes, vou sair.

- Após meia hora de silêncio, Protógenes levantando-se da cadeira e abrindo a porta: "então fica assim".

Viver é Perigoso