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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ESCLARECENDO SOBRE A LÍBIA

Gustavo Chacra, dá uma aula de Líbia no Estadão.
 
A Líbia não tem xiitas como o Líbano, o Iraque e o Bahrein. Trípoli não tem cristãos como Beirute, Damasco e Ramallah. Os líbios não possuem disputas com os israelenses como os libaneses, sírios e palestinos. Tampouco recebem ajuda americana como os egípcios e os jordanianos. Muito menos do Irã, como o Hezbolah, o Hamas e a Síria. A Líbia não é aliada da Arábia Saudita. E nem do Irã. A Líbia não recebe turistas como o Egito e o Marrocos.
Os líbios não possuem mais um rei como marroquinos, sauditas e kuwaitianos. Não há conservadorismo religioso em Trípoli, como existe em Riad e Teerã. Não há liberdade individual como em Beirute. Não existe identidade nacional como na Turquia, na Síria e no Egito. Religiões não disputam o poder como no Líbano e no Iraque.
Mas a Líbia tem petróleo, como a Arábia Saudita e os países do Golfo. É uma ditadura, como a Síria e a Argélia. Fala árabe como todos os países da região, menos o Irã, que é persa.
A queda de Muamar Kadafi nada terá a ver com Israel, com o Irã ou com a Arábia Saudita. Dizer que o Irã sairá vencedor de uma revolução na Líbia não faz sentido. Para Teerã, nos últimos anos, a aliança mais importante foi com o Brasil e a Turquia. Israel pode ter perdido um aliado no Cairo, mas o que interessa quem está no poder em Trípoli? A importância é a mesma de o Afeganistão ter o Taleban ou Karzai no poder – nenhuma.

Gustavo Chacra

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