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sábado, 11 de setembro de 2010

CARTA DE UM AMIGO A OUTRO

Como já mencionei em outras ocasiões, sou formado na Turma de 1973 da EFEI. Foi a última turma do sistema seriado e ainda frequentadora do prédio original, ao lado da Igreja matriz. Tenho muito orgulho de ser desta turma. Aliás, para todos nós, "turma" não significava o grupo que saiu junto, mas os que entraram juntos em 1969.
O pessoal se comunica pela WEB e o que um escreve para outro, todos têm conhecimento oe palpitam à vontade. A camaradagem e o respeito são dignos de nota. Mas quebrando um pouco a reserva existente (sei que irão entender), avançamos e postamos abaixo um texto de um amigo para outro, sobre um e-mail de um terceiro amigo.
Posicionamento lúcido e interessante para o momento.   
 

"Caro amigo,
Sua resposta de um mês atrás me deixou incomodado, tanto que a sinalizei. Tendo em vista sua opção manifestada recentemente, aproveito para fazer uma pequena reflexão. 
Acho que uma democracia se constrói com passos firmes, que podem ser pequenos mas sempre à frente e não com retrocessos. Os retrocessos também ensinam, mas o custo pode ser elevado. A democracia também exige um estado de alerta porque dela muitos podem dela se aproveitar. Não podemos é contemporizar e deixar de indignar-se. 
Se tomarmos emprestado alguns conceitos da física ou da termodinâmica sabemos que os sistemas adiabáticos são somente um modelo teórico. Pretender um sistema sem perdas é uma utopia e pode custar mais que as próprias perdas. Acho devem ser contidas dentro de uma realidade aceitável sem contemporização. O nó górdio dessa história é a impunidade. 
Nos EUA, Inglaterra e na maioria das democracias ocidentais com certeza não há santidade nem santos, mas lá a impunidade não impera e é nas democracias ocidentais devemos nos espelhar tanto por esse fato quanto pelo apreço à liberdade. Não consigo imaginar isso no Irã, Coréia do Norte, Cuba, Venezuela (?) ou nessas ditaduras africanas, queridinhos da nossa diplomacia. 
Não acredito nas possibilidades da Marina, mas ela merece total respeito pelo seu discurso, pela qualidade dos organizadores e mentores da sua candidatura e, sobretudo, pela sua autenticidade. Em minha opinião o Serra é a melhor opção para o momento. O Aécio também seria. Embora o Serra não mostre, pelo menos até agora, o perfil do estadista que o Brasil merece e precisa pela sua importância e seu tamanho e perante os desafios da ordem econômica mundial, das nossas injustiças sociais, da evolução tecnológica, da educação, do meio ambiente e das ameaças climáticas, sua eventual vitória, não significaria a meu ver um retrocesso. É resoluto, tem história conhecida e na pior das hipóteses seus passos poderiam até ser até lentos, mas firmes e adiante. 
O retrocesso me preocupa e espero estar totalmente errado, para o bem de todos nós. Não há nada melhor que a liberdade -- ir e vir, expressar, pensar, opinar, criticar, escolher, fazer, desfazer, repensar, errar, aprender, rezar, praguejar, etc.; sem medo. 
Na maioria dos partidos políticos dá para pinçar um candidato decente sem precisar recorrer aos fantoches, aos palhaços que debocham, às múmias de pensamento petrificado e vampiros (171) de carteirinha. A lista pode se estender aos vendedores de sonhos por votos, aos nefelibatas, como chamava FHC aos que vivem nas nuvens. Há de tudo. O importante é todos poderem. A nós cabe só escolher. A chave da questão está no voto consciente -- que deve merecer a reflexão de todos nós. 
Tancredo, aqui perto, em Ribeirão Preto, quando instado à um conselho aos jovens recomendou que sobretudo não se deixassem instrumentalizar por ideologias. 
Outro candidato queria ''colocar o estado a serviço da nação e não a serviço de si próprio". Teve votação expressiva e foi eleito. Expressou a aspiração da maioria. Pena que não cumpriu. Mudou de lado (?) e de filosofia. 
Talvez ''colocar o estado a serviço da nação e não a serviço de si próprio ou de qualquer partido político" fosse o melhor mote para uma campanha. Não precisava fazer mais nada. A sociedade cuidaria do resto. 
O que você acha disso tudo? Acho que hoje estou ocioso, prolixo e propenso à uma catarse."

Luis

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