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segunda-feira, 5 de julho de 2010

A FORMIGA E A CIGARRA


ZÓZIMO

Reencontro, depois de muitos anos, da formiga com a cigarra.
Combalida, lacrimejante, arrasada, a formiguinha era só lamúrias, contrastando com a esfuziante alegria da cigarra.
- Não sei mais o que fazer, cigarra querida. Passei a vida inteira trabalhando e economizando, trabalhando e poupando, trabalhando e aplicando, tudo de olho na aposentadoria, na minha velhice. Agora fiquei a zero e não sei nem como enfrentar o fim de cada mês.
- Não chore, minha formiguinha, nunca se deve chorar pelo leite derramado.
- Choro, sim, e só não choro mais porque vejo que pelo menos a amiga está numa boa, bem disposta, corada, alegre.
- Pois é, estou numa boa como sempre estive. Passei a vida cantando e dançando e nunca me preocupei em poupar. Ainda por cima, agora consegui fechar uma tremenda negociata, recebi a grana, parte em dólares e parte em reais, fiquei com o dinheiro na mão, e amanhã estou seguindo para uma longa temporada em Paris. Aliás, quer alguma coisa ?
- Quero, sim, quero que você mande o La Fontaine à PQP.
(Zózimo - 19/04/90)
ER

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