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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

PÉ -RFUMADO. RUIM NÃO É ?




A coisa começou a degringolar quando ele completou doze anos. Ganhou dos Pais, não um, mais dois pares de sapatos vulcabrás (aqueles que não acabam nunca!).
Augustus já tinha uma natural vocação para suar nos pés e com os sapatos com sola de borracha os bichos formadores de cheiro encontraram um hábitat para lá de natural.
O ciclo se completou com as indefectíveis meias pretas de pura viscose, que sempre usou.
O interessante é que calçado, o "aroma", vamos dizer assim, não se manifestava. Agia como um frasco de perfume bem tampado.(Argh!)
Mas quando tirava, mesmo que só o calcanhar, para fora do sapato, era um Deus nos acuda. O telhado da casa lotava de urubus (por poucos minutos, pois as aves não aguentavam o cheiro e fugiam), vizinhos telefonavam para a defesa sanitária e as vezes até para a polícia.
Uma vez, ele teve a cara de pau de descalçar os sapatos em plena sala de aula do Colégio Major João Pereira. Dessa vez, lamentavelmente eu estava presente.
Primeiramente expelia um vapor, tipo gelo seco dos shows musicais.
Aquela fumaça ia lentamente esgueirando pelo piso e só depois de alguns minutos vinha o cheiro, que segundo diziam, era o mesmo da ante-sala do inferno.
As aulas foram suspensas naquela tarde. Não só da nossa turma, mas de todo o colégio. Foi aberto um inquérito e como sempre, o Nero foi considerado suspeito de ter aceso uma bombinha com enxofre, chamada de "peido alemão".
Essa hipótese foi descartada pela potência diferenciada, para maior, do "chulé do augustus".
A mãe sempre atenciosa o levou ao Dr. Adílio que, devidamente protegido com máscaras, ordenou que ele tirasse, pasmem: logo os dois sapatos. Logicamente o quarteirão da clínica na Rua Miguel Braga foi evacuado.
Após análise criteriosa, o sempre prudente e cuidadoso Dr. Adílio recomendou a imediata amputação dos dois pés. A família ficou em dúvida mas não aceitou.
Registre-se que tinha o lado positivo. Quando íamos juntos ao cine Presidente, já lotado, eu sugeria: Augustus, coloca um pedacinho do pé para fora.
Bingo ! a retirada era geral. Sobravam lugares. Também aprendi a respirar somente pela boca, o que me tem sido útil pela vida afora, principalmente em elevadores.
Até hoje ele usa só usa Vulcabrás (comprou num leilão cem pares, quando o produto saiu de linha pressionado pelo greenpeace).
Concluindo: Certa vez vindo de São Paulo pelo Pássaro Marron e ele junto (estávamos fazendo estágio), fecharam, como de costume, todas as janelas do ônibus ao passar próximo da fábrica de papel em Jacareí. O cheiro era insuportável.
Foi quando o Augustos deu uma tiradinha do pé de dentro do sapato, para dar uma coçada.
Pra quê ? Imediatamente, os passageiros exigiram a abertura das janelas para sentir (em comparação) o delicioso perfume da fábrica de papel.
Até hoje o nosso amigo Augustus usa os "Vulca" (para os íntimos). Ele e o Maluf.


ER








Um comentário:

Alfredo disse...

Receita gratuita: mande-o usar Daktarin loção entre os dedos e pode por os dez menininhos para andarem ao ar livre, sem susto.