O QUE A VIDA LHE RESERVOU (1)

Lembrei hoje de um bom amigo, colega de turma da escola de engenharia e um dos herdeiros do Café Royal, citado aqui no blog outro dia.

Falo do Tiaki Nakagami.

O Japa mais pingaiada que conheci. Fazia parte da decoração do Pé de Porco. Apesar de sua baixa estatura física, contava para todo mundo, que foi recordista de salto em distância, quando do serviço militar.

Tinha uma particularidade: A medida que ia bebendo, ia aumentando a distância do seu, nunca questionado, recorde.

As vezes, ainda estudante, eu perguntava para algum colega se ele tinha noticias do Tiaki. O cara respondia: Acabei de passar por ele lá no Bar do Rafael.

Eu indagava: Falou com ele ? Sim, respondia o colega.

Quantos metros ele estava dizendo que pulou ? O cara completava: Quando passei por lá, e já está fazendo uma hora, ele estava saltando 5,82 metros.

A gente comentava: PQP, o Japa já bebeu meia dúzia de cervejas. O seu recorde, foi numa noite/madrugada no bar do diretório acadêmico, por ocasião de um baile dos namorados.

Eram quatro horas da manhã e ele insistia com todo mundo que tinha saltado 9,40 metros.

Seu inseparável companheiro, o famoso Tião Bordé, confirmava tudo com detalhes, confirmando o dia, a hora, a velocidade do vento, a umidade do ar e a temperatura.

Dizia que esse tinha sido o seu último salto, pois machucou-se ao cair bem distante, já fora da caixa de areia.

O Tiaki foi também um insinuante ponta-direita no futebol. Jamais colocou um calção para jogar. Só jogava de bermuda, ou melhor, uma velha calça cáqui, cortada na altura dos joelhos.

Hoje, segundo as últimas informações, após trabalhar muitos anos na Companhia de Eletricidade de Manaus, onde ficou conhecido como o saltador de igarapés, se converteu, virou pastor neo-pentecostal e é missionário junto aos índios waiwai, em Roraima.

Sempre foi amigos de todos e em especial dos garçons.

ER