Entrei em um dos elevadores da FIESP na Av. Paulista e me alojei lá no fundo. Devia ter capacidade para umas dez pessoas. Como era logo após o horário do almoço, o movimento era intenso.
O elevador lotou, tendo como passageiros vips, quatro amigas, já passando dos cinquenta, extremamente botocadas e com todo a certeza, avançando bem sobre o chamado "peso ideal", esse detalhe, disfarçado por artifícios e sacrifícios diversos.
Portavam a tradicional cara de entojo de secretárias antigas no posto e com todo o jeito de solteironas mal amadas, espécime típica da Av. Paulista.
A porta do elevador já estava fechando, quando todo espavorido surgiu não sei de onde um molequinho office boy, suadíssimo, que com grande classe e experiência, travou a porta com os pés e invadiu o apertado e seleto recinto.
Entrou e virou-se imediatamente para a porta, dando de costas para o público presente e utilizando do tradicional movimento da bunda arrebitada, empurrou as madames mais para o fundo do elevador.
A loirona com cara do travesti Rogéria, falou alto: Que falta de educação, que desaforo, que grossura, e foi por aí afora, com a sua voz rouca de fumante inveterada.
Silêncio sepulcral no elevador, que tirando as quatro, tinha todos os outros passageiros torcendo pelo moreninho fardado, com calças azuis e camisa branca.
O elevador foi subindo. Atendia do 10º andar para cima. Quando chegou no décimo, o moleque, agora nosso herói, desceu.
Virou-se e quando a porta automática do elevador ia-se fechando, ele a segurou com as mãos e botando a carinha redonda para dentro disse, fixando o olhar na loirona: Goooooorda!!!!! E caiu fora com a porta se fechando.
A Senhora ofendida, sentiu-se mal e murmurava: Vocês viram ?! Vocês Viram?! As companheiras de imediato lhe prestaram total solidariedade.
Eu não aguentei. Meu destino era o 20º andar, mas desci logo no seguinte para não te-las contra mim.
Esse moleque vai longe.
ER
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