Conheci o Sr. Joaquim ainda quando eu era menino e ele já vivia de fretes com o seu velho, e põe velho nisso, caminhão Chevrolet. Como o caminhão andava sempre muito devagar, quando ele passava pelo bairro a molecada pendurava atrás, indo de carona até a fabrica de macarrão.
As aventuras do Sr. Joaquim e do seu caminhão me encantavam. Sentado na porta do Bar Caçador, sem que ninguém perguntasse, começava ele: Ontem foi difícil. Fui puxar um carreto de lenha do Olegário Maciel para Itajubá, atrasou o embarque da carga e só sai de lá de noite (na ocasião a estrada Olegário Maciel - Itajubá era de terra pura.)
Quando fui sair da fazenda, escutei um estouro e tive muita sorte em conseguir brecar o caminhão.
Continuando: Nunca tinha visto acontecer aquilo. Estourou por completo a caixa de câmbio. Eu naquele mataréu, sozinho e com necessidade de vir embora de qualquer jeito, pois tava com a Neuzinha (sua mulher) esperando neném.
Depois de pequeno suspense, prossegue: Vira daqui, mexe dali e observei que só ficou funcionando a marcha a ré. Lidei até conseguir colocar o caminhão carregado de lenha com a bunda para Itajubá.
Pensei, são só trinta quilometros, muitas subidas e descidas.... Vou tentar. Maneirando, maneirando, vim vindo de ré. passei pelo bairro do Capote, cheguei a Piranguinho e juro pela alma da minha mãe que em duas horas encostei para descarregar na Padaria Mandolesi.
Um ouvinte não aguenta e questiona - Mas seu Joaquim, estrada de terra, de noite, carregado de lenha do Olegário até Itajubá em duas horas ?? De marcha a ré ??
Claro ! Disse ele, completando: E eu sou lá de fazer loucura no volante, ainda mais com mulher barriguda em casa ?
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