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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

HORÁRIO MELANCÓLICO

Desde moleque que eu não gosto das redondezas das 18:00 horas. Nasci e cresci num bairro com as casas próximas uma das outras, era quase uma vila.
Começava a escurecer, a obrigação de tomar banho, parar com as brincadeiras e o cheiro de frituras e feijão refogado no alho, que fugia pelas janelas, são inesquecíveis.
Os sinos da Igreja São José badalavam tristemente e o mais envolvente, o som da Ave Maria tocando nos rádios (não pela música, que é linda).
O barulho da passarinhada se ajeitando nas árvores, a introdução da novela radiofônica Jerônimo, o Herói do Sertão (todas as casas tinham rádio, e ficavam ligados).
Um ou outro rádio sintonizado num programa sertanejo, tocava Índia, com Cascatinha e Inhana ou Beijinho Doce, com a dupla Tonico e Tinoco. Doia na alma e ainda dói.
Talvez seja porque eu mais perdi do que ganhei nessa época.
Nunca gostei desse horário. Era quando a febre começava a voltar nas crianças. Para mim, das cinco as sete, seria melhor pular. Até hoje.
ER

Um comentário:

Unknown disse...

Acho que é próprio da nossa geração, não gostar da hora do Angelus, ou hora da Ave Maria, até hoje não gosto de estar na rua , quando dá essa hora. Lembranças, saudades, dá um engasgo, uma dor esquisita, parece que vai faltando o ar. A falta da mãe, do seu tempero, do vozerio da criançada, do olhar severo do pai, da conversa confidencial com as irmãs. Eramos felizes.