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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

FICOU NO VIDRO

Lá pelo inicio dos anos sessenta, o Velho Augusto resolveu vender o Fordinho 29 e comprar o lançamento da época. Um fusquinha.
Alerta: Nos fordinhos as janelas não possuiam vidro, mas sim, cortinas de lona, que ficavam enroladinhas.
No primeiro domingo com o carro novo veio para a cidade, (morava em um sítio na Pedra da Mamona, também chamado de pinico da princesa) catou o bando de netos, sendo que no banco da frente foi o seu xodó, o menino Augustinho.
Mais ou menos 10:30 da manhã de domingo, com a praça principal lotada de gente que saíra da missa, o velho fazendeiro resolveu dar uns giros lentamente em torno da praça (na época não havia calçadão).
Esqueci de contar. O Sr. Augusto fumava direto um cigarrão de palha e,possivelmente devido a isso, tinha um vozeirão grosso e a caixa peitoral sempre cheia e chiando.
Fusca era novidade e todos olhavam invejosos. Numa passada em frente, onde hoje funciona o Café do Wadinho, a coceira veio, o Sr. Augusto buscou a respiração lá no fundo e cuspiu fora aquele tijolão amarelado.
Tragédia. O Vidro do carro estava fechado.
A criançada escondeu embaixo dos bancos envergonhada. O trânsito engarrafou com umas charretes na frente e o velho, rápido no gatilho, acionou a manivela do vidro, que vagarosamente começou a descer, deixando escapar para a parte externa do carro o tijolão. Ficou pior.
Avançaram pela subida do cemitério com o Sr. Augusto berrando com sua voz rouca, mas já límpida: Quem rir vai entrar na bolacha !!
O menino Augustinho, hoje formado, casado, com filho e bem sucedido, carrega esse trauma. Só anda de carro com o vidro do seu lado aberto.
ER

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