NÃO ENTENDI, MAS ACHEI LEGAL

" ... Agora, não mais nos atrevemos a falar em ideais, em projetos definitivos de vida. Parecem grandes demais, utópicos demais, soberbos demais. E o que fazer, então, com nossos sonhos, nossas aspirações, nossas inquietações ? Ninguém sabe ao certo. O mantra contemporâneo diz que não devemos nos cobrar demais. Deveríamos apenas viver. Mas o que é "apenas viver" ? Não há respostas prontas. Será levar a vida sem grandes expectativas ? Será tocar o dia a dia esperando a próxima sexta-feira, as próximas férias ? O mundo, que antes parecia tão deslumbrante, torna-se estreito, incapaz de realizar nossos desejos, de preencher nossas carências. A vida tem sêde de rebeldia. Mas estamos todos um pouco cansados, anestesiados, adormecidos. Entretidos com outras coisas. Incapazes, muitas vezes, de ver o outro, de encontrá-lo, de tocá-lo. Não sei se me iludo, mas dou razão ao verso do poeta inglês Philip Larkin: " Em todos dorme um sentido da vida vivida conforme o amor". Ele não diz que o amor da sentido à vida, em uma fórmula mágica que exclui o drama existencial. E sim, que dorme, em cada um de nós, um sentido da vida vivida conforme o amor. É a personalíssima aventura de despertar e viver esse sentido - cada um o seu -, livremente, todos os dias. "

Extraído do escrito pelo Nicolau da Rocha Cavalcanti

Viver é Perigoso