Translate

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

VAI DESCER ?

Depois teve o caso do dia que Rosamundo ficou doente. Era - ao que parecia - um vírus qualquer que Rosamundo arranjou. Então Rosamundo foi ao médico.
O consultório do médico de Rosamundo fica na cidade, num desses prédios que a desmoralizada e saudosa Prefeitura deixava construir, com milhares de cubículos à guisa de cômodos conjugados, segundo a expressão de um dos grandes calhordas imobiliários desta praça. Rosamundo foi, entrou no consultório e ficou na salinha de espera, aguardando a sua vez.
Mas, de repente, Rosamundo começou a suar frio. Ainda tentou aguentar a mão, disfarçar, pensar noutra coisa. mas foi impossível. Levantou-se apressadamente, perguntou à enfermeira onde ficava o banheiro.
- Segunda à esquerda, ali no corredor, foi a resposta.
Rosamundo não esperou mais. Saiu da saleta de espera pelo corredor, como um doido, contou a primeira porta, abriu a segunda e entrou. Era um cubículo escuro, como acontece nos prédios como aquele, mas isto não teria a mínima importância, se não houvesse uma senhora, com ar muito digno, parada no meio da toalete com cara de quem espera alguma coisa.
Rosamundo ali naquele aperreio e a dona parada que nem parecia. E o tempo passando. Cada segundo parecia um século. E ela nem nada. Parada e tranquila. Nessas horas é que Rosamundo perguntou:
- A senhora não vai sair daí ?
Ela estranhou a pergunta, mas com toda classe, quis saber:
- Por que cavalheiro ?
- Porque eu preciso usar este banheiro.
A dama pensou que Rosamundo fosse maluco e com o maior desprezo, informou:
- Por favor, o senhor use depois que chegarmos ao térreo e eu saltar, cavalheiro. Porque isto aqui não é um banheiro. Isto aqui é um elevador.

Stanislaw Ponte Preta

Nenhum comentário: