Translate

domingo, 27 de novembro de 2011

REPÚBLICA NO SUL DE MINAS

O Coronel José Custódio Dias de Araújo, Zeca da Pedra, dono da Fazenda da Pedra, era o maior chefe político de Campestre, no Sul de Minas. A pedra em questão era uma portentosa pedra, no meio de sua propriedades, de onde se avistavam muitas cidades vizinhas.
Nasceu lá em 1858 e morreu no Rio em 1943. Foi vereador em Campestre e concessionário da linha telefônica Poços-Campestre e da Empresa de Luz Elétrica da cidade.
Era chefe absoluto de Campestre até se meter com Artur Bernardes, o todo-poderoso presidente do Partido Republicano Mineiro. Romperam-se politicamente.
A partir de então o coronel sofreu uma perseguição política implacável, que culminou com a mudança das divisas municipais. O coronel acordou de manhã e, em lugar de Campestre, sua fazenda havia sido transferida para Machado.
Não deu outra. O coronel declarou a independência da República da Fazenda da Pedra. Conseguiu a adesão do padre local e proibiu a entrada na cidade do coletor de impostos.
Imediatamente, o PRM mandou tropa de cinquenta soldados incumbidos de prender o coronel Zeca da Pedra e desfazer a república instituída.
Avisado, o Coronel juntou todo o dinheiro que tinha e fugiu para São Paulo. Dali para a ilha da Madeira.
Os soldados da Força Pública rumaram para Campestre, mas não encontraram o Zeca. Ficaram na cidade alguns dias em perfeita ordem, até o justo momento em que um italiano local, dono de uma vinícola, teve a infeliz ideia de convidá-los a provar o vinho.
Produziu-se um terremoto inédito na cidade, Os soldados pararam o relógio da Matriz a tiro, invadiram uma fazenda das imediações e praticaram tiro ao alvo em uma das vacas do fazendeiro Bié Junqueira, mais conhecido por Bié Calado, por gostar muito de ouvir e poucos terem ouvido algum dia sua voz.
Bié Calado estava na Fazenda Recreio, de Poços de Caldas, quando comunicaram do fuzilamento de sua vaca.
Ele disse:
- Canalhas !
E voltou a se calar.

Escrito pelo jornalista Luís Nassif

Nenhum comentário: