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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

MÉDICOS REPROVADOS

Do  Alfredo Junta

Os resultados do projeto-piloto criado pelos Ministérios da Saúde e da Educação para validar diplomas de médicos formados no exterior confirmaram os temores das associações médicas brasileiras.
Dos 628 profissionais que se inscreveram para os exames de proficiência e habilitação, 626 foram reprovados e apenas 2 conseguiram autorização para clinicar.
A maioria dos candidatos se formou em faculdades argentinas, bolivianas e, principalmente, cubanas.
As escolas bolivianas e argentinas de medicina são particulares e os brasileiros que as procuram geralmente não conseguiram ser aprovados nos disputados vestibulares das universidades federais e confessionais do País.
As faculdades cubanas - a mais conhecida é a Escola Latino-Americana de Medicina (Elam) de Havana - são estatais e seus alunos são escolhidos não por mérito, mas por afinidade ideológica. Os brasileiros que nelas estudam não se submeteram a um processo seletivo, tendo sido indicados por movimentos sociais, organizações não governamentais e partidos políticos.
Dos 160 brasileiros que obtiveram diploma numa faculdade cubana de medicina, entre 1999 e 2007, 26 foram indicados pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Entre 2007 e 2008, organizações indígenas enviaram para lá 36 jovens índios.
Desde que o PT, o PC do B e o MST passaram a pressionar o governo Lula para facilitar o reconhecimento de diplomas cubanos, o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira têm denunciado a má qualidade da maioria das faculdades de medicina da América Latina, alertando que os médicos por elas diplomados não teriam condições de exercer a medicina no País.
As entidades médicas brasileiras também lembram que, dos 298 brasileiros que se formaram na Elam, entre 2005 e 2009, só 25 conseguiram reconhecer o diploma no Brasil e regularizar sua situação profissional.
Por isso, o PT, o PC do B e o MST optaram por defender o reconhecimento automático do diploma, sem precisar passar por exames de habilitação profissional - o que foi vetado pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira. Para as duas entidades, as faculdades de medicina de Cuba, da Bolívia e do interior da Argentina teriam currículos ultrapassados, estariam tecnologicamente defasadas e não contariam com professores qualificados.
Em resposta, o PT, o PC do B e o MST recorreram a argumentos ideológicos, alegando que o modelo cubano de ensino médico valorizaria a medicina preventiva, voltada mais para a prevenção de doenças entre a população de baixa renda do que para a medicina curativa.
No marketing político cubano, os médicos "curativos" teriam interesse apenas em atender a população dos grandes centros urbanos, não se preocupando com a saúde das chamadas "classes populares".

Alfredo Junta - Fonte O Estado de S.Paulo



4 comentários:

Anônimo disse...

Zézinho

A falta de qualidade não é só das escolas argentinas , bolivianas e cubanas , por aqui a situação tambem esta complicada .
"Apenas 12,9% dos formandos em medicina inscritos no exame do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) foram aprovados no teste da entidade. A prova, não obrigatória, é aplicada a estudantes que cursaram, em 2010, o sexto ano de medicina no estado de São Paulo. No total, 656 alunos se inscreveram e apenas 85 foram aprovados nas duas fases do teste.
Entre os 656 inscritos, 533 alunos compareceram à primeira etapa do exame. Desses, 306 (57%) foram aprovados, o que exigiu acerto de 60% das questões. Dos 306 estudantes que passaram na primeira fase, 264 compareceram à segunda etapa e apenas 85 (32% dos que compareceram à segunda fase) foram aprovados. A nota mínima exigida na segunda etapa era 6."
Abraços

Alaor

Anônimo disse...

É a geração descompromissada com os deveres, preocupam-se com os seus direitos e sistemas falidos.
Sociedade fragilizada com seres humanos e almas sem referências de outrora (professores, médicos, policiais e tantas outras profissões)

Aldo disse...

Felizmente a Faculdade de Medicina de Itajjubá desponta e sempre despontou na medicina nacional. Vejam que os alunos de lá ( não sou professor. Antes que digam, digo eu, talvez por isso ) passam e bem em todos os concursos que fazem, em todas as áreas.
Os ex-alunos da FMIt, 95% estão bem, apesar de forças contrarias, como sociedades médicas, cooperativas, etc, que lutam contra.
Quanto ao pessoal de fora é mesmo só um atalho para fugir de vestibular, e voltar pior que foi.

Fabio Rossano Dario disse...

É difícil entender o que é mais ideológico, se a escolha dos alunos para cursarem a ELAM ou o texto que tem como objetivo claro, criticar Cuba, o PT e o MST. Não se trata de uma crítica positiva e sim de uma campanha ideológica contra uma instituição reconhecida e consagrada internacionalmente e que é responsável pelo maior contingente de médicos voluntários na OMS. No mínimo o texto é contraditório no que diz respeito ao “curriculum ultrapassado” da ELAM. Se o autor destas bobagens conhecesse um pouco mais dos fatos, teria mais prudência nas acusações. Da mesma forma que hoje existe uma corrente contra a ELAM, houve na década de 80, algo bastante semelhante contra os dentistas brasileiros que migravam para Portugal em busca de trabalho. Então, fazendo um paralelo, os curricula da UNICAMP e da USP eram também ultrapassados? Talvez sim, para a direita conservadora portuguesa daquele tempo. Algumas semanas atrás a OMS homenageou os médicos cubanos que estão salvando vidas no Haiti. Trata-se de ”médicos curativos”? Absolutamente não. Eles estão salvando vidas, não só no Haiti, mas em dezenas de outros países. Devemos tratar de certos assuntos com mais prudência e respeito. Se Cuba tem demasiados vícios e problemas políticos, se Cuba é uma mágoa eterna no nodo da ideologia conservadora, devemos ser inteligentes e reconhecer que a medicina cubana é consagradamente uma medicina de primeiro mundo.