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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

MINEIRO CALADO ? FOLCLORE

Imagino que há muito tempo você não viaja para São Paulo de onibus. Outro dia eu fui. Viajei na Santa Cruz, que tudo indica, comprou a antiga e pioneira Transul. Carro novo, ar condicionado, motor silencioso e quatro horas para ler o jornal e um terço do livro.
Poderia ser melhor se não dessem a tradicional passadinha em Santa Rita do Sapucai (não pela cidade, mas pelo tempo perdido), e a passadona em Pouso Alegre (pelos dois).
O terrível: A utilização pelos passageiros do telefone celular. Quase todos não param de matraquear na maior das alturas. Estou em condições de relatar os dramas e alegrias  de umas três famílias da cidade. Eu, e todos os companheiros de viagem.
Aprendi ouvindo o wikepeaks rodoviário, duas receitas de comida, cinco dicas de remédios caseiros, uma extensa relação de maus pagadores, a fórmula de um bronzeador que leva bombril e óleo de cozinha usado.
Fiquei sabendo de dois apartamentos para locação em Ubatuba e o caminho para ser destaque na Unidos da Vila Rubens, no desfile de carnaval.
Comentários sobre os políticos da cidade? Sim, só elogios.
A mocinha bonita foi quebrando o pau com o namorado (pelo celular),de Cambui até Extrema. Envolveu sentimentalmente até o motorista. Aconteceram lágrimas. Felizmente, em novo telefonema nas proximidades de Atibaia, as pazes foram feitas. Teve até hola no onibus para comemorar. 
Chegando em São Paulo, desci correndo na frente de todos, tão somente, para presenciar o desembarque.
Conclusão: Todos são aparentemente normais.

ER

5 comentários:

Remenry disse...

Olha, infelizmente essa prática já se espalhou pelo Brasil inteiro, penso. É impossível ter um pouco de paz hoje em dia, pois todos têm problemas que não podem esperar, todos amam ouvir música (de qualidade duvidosa) em alto e bom som... Paz é artigo de luxo, meu caro!

Anônimo disse...

Zé Riera,
Sua imaginação é fértil.
Parabéns.

Um apreciador do blog

Anônimo disse...

A imaginação eh fertil quando usada para o bem.
Toda pedra atirada para cima tende a cair de onde foi atirada.

Edson Riera disse...

Anônimo,

Não pensamos em jogar pedras para cima. Celulares, talvez.

edson

Helem - Assessoria de Comunicação disse...

Ótimo texto, gostoso de ler. Como disse Carlos Drummond de Andrade:
"Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira."