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domingo, 28 de novembro de 2010

REFLEXÕES PARA O FUTURO

Em 1993, quando da comemoração dos seus 25 anos, a revista "Veja" presenteou os seus assinantes com um livreto contendo "reflexões para o futuro", com artigos de diversas personalidades. Ontem, dando uma geral na papelada, deparei com o livreto, dei uma olhada, e anotei trecho escrito pelo Zuenir Ventura. reparem só, 17 anos após.

"...Correndo por fora, existe uma camada geográfica e socialmente periférica, desvalorizada pela mídia, preocupação apenas de antropólogos e sociólogos e sempre vista com suspeição pela polícia. Esses milhares de jovens habitam a periferia das grandes cidades, formamdo um grupo literalmente marginal. Só no Rio, por exemplo, são quase 2 milhões reunindo-se todos os fins de semana para, à sua maneira, se manifestar numa furiosa comunhão feita sem palavras, de sons e gestos: os bailes funks. São conhecidos como funkeiros por causa da preferência musical, mas possuem características que reforçam um perfil de geração: inconformismo, identidade grupal, capacidade de mobilização e até uma visão particular do mundo. Admiram como heróis líderes do crime organizado, mais por desapreço  a todos os outros e menos por engajamento na violência, que cultuam  sobretudo simbolicamente, através de liturgias catárticas e semanais. Vestem-se com grifes caras, gostam de copiar o uniforme dos surfistas, que odeiam, e calçam Nike tipo Air. Não chegam a considerar os "caras pintadas" como inimigos, mas têm por eles um grande desprezo. quando se perguntou a um deles porque  seu grupo não tinha participado das passeatas pelo impeachment do presidente Collor, a resposta foi que isso era coisa de 'mauricinhos'.
Não se conhece dessas galeras nenhuma manifestação política do tipo convencional. nem assembléias, nem passeatas, nem protestos, apenas uma rebeldia vândala e anárquica, sem consciência política ou de classe. suas demonstrações ainda não foram codificadas. A mais importante ocorreu num domingo de 1992, quando o país se espantou com as imagens que viu na televisão. Era uma espécie de paródia de mau gosto das manifestações estudantis - uma antipasseata: o arrastão. O grupo de adolescentes que invadiu as praias da zona sul, espalhando o pânico, formava um comando de vanguarda com a mensagem da periferia. A expedição, mais lúcida que bélica, não chegou a provocar saques ou vítimas, mas um medo apocalíptico. a paranóia, a visão de uma tão aguardada invasão bárbara, transformou em ritual selvagem o que ainda era apenas coreografia da violência, diagrama de uma conquista possível, mas não imediata. Era a tomada de um território "inimigo", feita de maneira virtual e provisória, meio simbólica. como disse um dos participantes, de 16 anos, "nós só queria arrepiar os bacanas, mostrar que a praia não é só deles."
A questão para o Brasil em fase de sucessão geracional é saber se vamos continuar temendo a periferia como filho bastardo. Ela tem força real."

Zuenir Ventura 

5 comentários:

Anônimo disse...

Edson,
Acabei de votar em seu nome em um site que esta escolhendo os dez nomes mais populares do Brasil.
Para minha surpresa vc só tem o meu voto.
Creio que o seu nome não esta cadastrado, então perguntaram seu nome completo e para vc se cadastrar.
Por favor cadastra lá para depois que ganhar no Brasil disputar os dez mais do Mundo.
Re.

Anônimo disse...

Esta era a resposta mais rápida de uma população que nunca viu retorno nas suas buscas, devido a politica brasileira que privilegia alguns e se benefecia do dinheiro público.
Serviços dignos e obrigatórios de SAÚDE, EDUCAÇÃO,CULTURA,ESPORTES sempre trocados pelas obras faraônicas e desvios de verbas e impostos e mais impostos, corrupção.
INFELIZMENTE !!!

RESPOSTA DELES A ISTO: PODER PARALELO, PODER ALTERNATIVO COM A ANUÊNCIA GOVERNAMENTAL( HEIM ? COMO ? QUE ? NÃO SEI !!! JURA, NUNCA VI E OUVI.
VIDE ESCANDALOS DO GOVERNO FEDERAL, ESTADUAIS E O RIO DE JANEIRO DE HOJE.

Anônimo disse...

Pois é ...mas a culpa disso é do povo que não quer, não pode, não deve apreender a VOTAR...somos refens dos politicos e do capitalismo
o voto é quantidade....é manipulado..é negociado....e nos iludem chamando isso tudo de democracia....com urnas eletronicas...desperdicio de dinheiro..enfim.....como mudar??

Anônimo disse...

Caro amigo também anônimo.

Todos sabemos como mudar, o exemplo vem de cima.
Não sabemos é se querem mudar, pois não temos força diante a pirâmide toda estar podre.
Em quem se apegar ? Deus, o único que não nos abandona e mostra caminhos.
Mas continuemos cumprindo com nosso papel de servos de deus e de cidadãos integros.

Anônimo disse...

É ...mas ultimamente os exemplos de cima são pessimos.....se não começar de baixo...não vai muidar nunca...e acho que não querem nada de mudança...
Deus....só anda observando!Também mudou muito de tempos pra cá....cada dia mais distante.....pode crer!